Sem conclusão, inquérito sobre assassinatos no Rio Abacaxis está prestes a completar 2 anos

No próximo dia 24 de julho completam dois anos dos, pelo menos, oito assassinatos ocorridos entre julho e agosto de 2020, na região do Rio Abacaxis, entre Nova Olinda do Norte e Borba. As apurações para identificação os assassinos começaram com a Polícia Civil do Amazonas e, logo depois, passaram para a Polícia Federal (PF). Até hoje, no entanto, o inquérito não foi concluído e a PF não se pronuncia sobre o caso.

polícia federal, rio abacaxis, amazonas, borba, nova olinda do norte

Há três dias a Rádio Rio Mar vem questionando a PF e o Ministério Público Federal (MPF) sobre os desdobramentos das investigações, para saber se algum suspeito já foi preso ou se o inquérito foi concluído.

A PF, contudo, não respondeu a nenhum dos três e-mails enviados. O MPF respondeu, contudo, informou apenas que “as investigações que tratam do caso seguem em andamento, sob segredo de justiça”.

À época, a Polícia Civil do Estado agiu rápido e, em menos de 15 dias, identificou e prendeu quatro suspeitos de envolvimento no assassinato dos policiais militares Márcio Carlos de Souza e Manoel Wagner Silva Souza, mortos no dia 3 de agosto de 2020.

A agilidade, no entanto, não se repetiu quanto aos assassinatos de outros seis civis, sendo dois indígenas Munduruku, os irmãos Josimar Moraes da Silva, de 26 anos, e Josivan Moraes Lopes, de 18 anos, que desapareceu.

Segundo a Cacique Munduruku Alessandra Macedo, que tentou registrar o boletim de ocorrência sobre o desaparecimento dos dois irmãos, no dia 5 de agosto de 2020, Josimar era transportador de alunos da escola da comunidade de Laguinho para Pindobal.

Além dos dois Policiais Militares e dos irmãos Munduruku, também foram assassinados Anderson Monteiro, Matheus Araújo (16 anos) e Vandrelania de Souza Araújo (34 anos). Além deles, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-AM) diz que Eligelson de Souza da Silva, de 20 anos, foi morto por policiais, após supostamente ter atirado contra os militares.

‘Sem motivo’

A cacique Alessandra Munduruku afirma que policiais militares assassinaram os irmãos Josimar e Josivan sem motivo algum

Neste ‘Junho Verde’, dedicado à conscientização ambiental, é importante lembrar o que escreveu o Papa Francisco, no item 15 do Sonho Social, na Exortação Pós-Sinodal ‘Querida Amazônia’:

“É preciso indignar-se, como se indignou Moisés, como se indignava Jesus, como se indigna Deus perante a injustiça. Não é salutar habituarmo-nos ao mal. Faz-nos mal permitir que nos anestesiem a consciência social, enquanto um rasto de delapidação, inclusive de morte, por toda a nossa região, coloca em perigo a vida de milhões de pessoas, em especial do habitat dos camponeses e indígenas”.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Polícia Federal

Leia Mais:

Polícia prende suspeitos de matar policiais em menos de 15 dias, mas morte de civis segue sem respostas

Carta pública cobra responsabilização pelo massacre no Rio Abacaxis 

Massacre no Rio Abacaxis completa um ano sem punir responsáveis; familiares cobram respostas 

Rio Abacaxis: desembargador manda Estado tirar PM e governo federal enviar Força Nacional e PF 

Instituições sociais apresentam balanço sobre situação da violência policial no Rio Abacaxis