Um mês após ataques no AM, motivo dos atentados ainda não está totalmente esclarecido

Nesta terça-feira (06) completa um mês da série de ataques criminosos em prédios públicos de Manaus (AM) e outros nove municípios do interior do Estado. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, foram presas 84 pessoas por envolvimento nos crimes. O órgão informou que há uma investigação em curso, por parte da Polícia Civil do Amazonas e mais detalhes não podem ser fornecidos para não atrapalhar o andamento dos trabalhos. Entretanto, algumas informações sobre o comando das ações e o motivo ainda não foram esclarecidos pelo poder público.

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas contabilizou mais de 75 até o dia 7 do mês passado, mas a quantidade exata ainda é incerta, inclusive os motivos dos atentados. No dia 7, enquanto os ataques se espalhavam por Manaus, a SSP informou que a ordem partiu do presídio. Mas a Secretaria de Administração Penitenciária negou que houve qualquer ordem partindo das unidades prisionais.

Não houve transferência de detentos para presídio de segurança máxima, nem mesmo dos presos durante a operação “Mão de Ferro”, que teriam ordenado ou participado dos ataques.  Segundo a SSP, a morte de um traficante conhecido como “Dadinho” em confronto com a Polícia Militar teria sido o estopim, mas não há outros detalhes.

No dia 18 de junho, outra operação foi deflagrada nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Pará para prender suspeitos de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Cinco foram presos no Amazonas e, segundo o Governo, os detidos também teriam ordenado os ataques. Na época, o Secretário de Segurança confirmou que um dos alvos no Rio era Kaio Wellington Cardoso dos Santos, conhecido como Mano Kaio, mas ele não foi preso.

Ainda assim, o Governador Wilson Lima comemorou as prisões e disse que não havia mais participantes dos ataques foragidos.

“Hoje nós concluirmos essa primeira etapa. Prendemos todos os envolvidos naqueles ataques na capital do Estado e alguns municípios do interior e todos eles vão pagar com o devido rigor da lei”, declarou.

Mesmo assim, no dia 25 de junho, o chefe da Guarda Municipal do Careiro Castanho (AM), Jair Gomes de Moura, de 47 anos, foi preso, suspeito de favorecer ataques a prédios públicos registrados no município.

Segundo o delegado David Jordão, titular da 35a Delegacia Interativa de Polícia do Careiro da Várzea, as investigações sobre o caso seguem em curso, o chefe da guarda foi o último preso e o desdobramento da operação corre em segredo de Justiça.

Os ataques em Manaus e nos 9 municípios do interior representam a estratégia do crime organizado em realizar ataques orquestrados, segundo a presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-AM Gina Sarkis.

“O nome já diz, o crime organizado […]. O problema de segurança pública é enraizado, difícil de resolver. É muito mais profundo, a segurança é só o final, o início está lá atrás, é a desigualdade social, a falta de emprego, a falta de educação, a falta de saúde, que vai redundar no aumento da criminalidade que, por consequência, se transforma em uma segurança pública vulnerável”, explica.

O período de permanência da Força Nacional de Segurança no Estado termina nesta quarta-feira (07). O Governo pode solicitar a prorrogação por mais 30 dias. Até hoje, o PAC do Educandos, alvo de depredação e incêndio, não voltou a atender a população.

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Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar

Foto: Divulgação / SSP