Governo federal destina prédio para moradia popular, mas tenta retomar posse em Manaus

Parte das famílias retiradas da área conhecida como ‘Cidade das Luzes’, no Tarumã, em 2016, se abrigou no prédio Alcir Matos, na rua Quintino Bocaiuva, no Centro de Manaus (AM). O local já foi sede do Ministério da Fazenda, do INSS e do IBGE. Depois da ocupação, o governo federal pediu à justiça que determinasse a expulsão dos ocupantes do imóvel e a reintegração de posse à União.

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Porém, a justiça negou o pedido e reconheceu o direito de posse dos ocupantes. Isso porque o próprio governo federal, através da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), já tinha declarado o imóvel como de interesse do serviço público, com destinação ao Programa Minha Casa Minha Vida, para a concessão mínima de 73 unidades habitacionais.

As informações são do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU), que ingressaram com uma ação na justiça para obrigar o governo federal a reformar o prédio e torná-lo habitação social para os ocupantes já reconhecidos.

A prefeitura de Manaus chegou a desocupar o prédio, devido às condições precárias, e pagou o aluguel social às famílias enquanto o local passasse por reforma. Contudo, não houve reforma e o benefício do aluguel social tem prazo determinado. Assim, as famílias voltaram a ocupar o imóvel no Centro da capital, segundo o MPF.

Em outubro de 2019, a organização da sociedade civil Movimento de Mulheres Unidas Por Moradia (MMUM) foi sorteada para buscar parcerias e implementar o projeto de readequação do prédio.

Em setembro de 2020, a própria Advocacia Geral da União (AGU) deu parecer favorável para continuidade do processo de transformação do imóvel em unidades habitacionais.

No entanto, conforme o MPF e a DPU, hoje não existe nenhuma política habitacional vigente que assegure a reforma. Diante disso, os órgãos pedem para que a Justiça obrigue o governo federal a iniciar a reforma em 120 dias. As famílias já registradas devem ser as beneficiadas e, caso sobrem vagas, estas devem ser ir para famílias em listas de espera para habitação social.

MPF e DPU pedem ainda que a União assuma o pagamento do auxílio aluguel para quem aceitar sair do prédio, caso o prazo definido pela Prefeitura para pagamento do benefício se esgote e as obras não sejam concluídas.

O MPF e a DPU pedem ainda que a Justiça Federal determine multa mínima de R$ 50 mil, em caso de descumprimento de decisão judicial.

Com informações do MPF

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