Pesquisa no Amazonas para detecção de variantes de SARS-CoV-2 é usado em vários países

O estudo Desenvolvimento e avaliação de métodos diagnósticos destinados a detecção do novo coronavírus e outros vírus respiratórios, no contexto epidemiológico do estado do Amazonas, Brasil, desenvolveu um ensaio de PCR em tempo real para a detecção das variantes de preocupação (Alpha, Beta e Gamma) e colocou o Amazonas entre os estados brasileiros com mais genomas sequenciados por casos confirmados.

O pesquisador Felipe Gomes Naveca, explica que o principal objetivo do estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, é o desenvolvimento e a avaliação de métodos moleculares e inovadores, para a localização desse e de outros vírus respiratórios, no contexto epidemiológico.

Com a avaliação em uma simulação computacional das sequências, disponíveis em banco de dados públicos foi possível a avaliação da diversidade genética circulante na região do novo coronavírus . As amostras foram obtidas de pacientes de diversos locais do Amazonas, incluindo dois hospitais da capital, Delphina Aziz e Adventista de Manaus, e também as recebidas de municípios do interior do estado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.

Outra testagem foi realizada em 46 crianças com quadro gripal.  Conforme o pesquisador, a coleta de informações para o desenvolvimento de testes diagnósticos e vacinas é importante, bem como a seleção dos tipos de mutações responsáveis pela perda de imunidade, o maior risco de transmissão ou o monitoramento da resistência, quando existir tratamento específico.

Impactos do estudo
Os impactos da pesquisa podem ser mensurados em níveis social, científico e tecnológico. O primeiro ocorre devido à oferta e realização de testagem para a população, bem como a capacitação de pessoal para a execução do diagnóstico. O segundo possibilitou a publicação de 26 artigos científicos e a produção de um número superior a 5 mil genomas a partir de amostras coletadas no Amazonas.

O terceiro impacto, a adoção de método inovador, desenvolvido durante a pesquisa, por toda a rede de laboratórios oficiais do Brasil e que também foi levado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) para 29 países. “Com esse estudo foi possível monitorar as mudanças de linhagens do vírus ao longo da pandemia e como isso afetou o aumento de casos. Nosso estudo comprovou como surgiu a variante de preocupação (VOC) Gamma (P.1), durante a evolução do vírus na população Amazonense”, falou.

Sobre o coronavírus
No final de 2019, a partir de amostras coletadas de pacientes com pneumonia de etiologia desconhecida em Wuhan, na China, foi identificado um novo coronavírus, por meio de sequenciamento nucleotídico metagenômico. Com isso, foi denominado como SARS-CoV-2 e pertence à família Coronaviridae, gênero Betacoronavirus.

Hiolanda Mendes – Rádio Rio Mar