Especialistas explicam cuidados necessários contra a variante Delta no Amazonas

A variante Delta foi identificada primeiro na Índia, é mais contagiosa e tem causado surtos em alguns países. Nos Estados Unidos, por exemplo, já é responsável por mais de 80% dos casos. A Diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações Flávia Bravo explica uma das características mais preocupantes é a possibilidade de infecção mesmo com a presença de anticorpos nas pessoas que já adoeceram pela Covid-19 ou receberam a primeira dose de vacina. A Delta burla o sistema de proteção do organismo.

“Que a variante Delta é mais transmissível, isso ela é. As vacinas demonstraram que, embora possa ter algum prejuízo na neutralização, elas são eficazes contra prevenção em casos graves, contaminação e mortes, mas com duas doses”

Os cientistas ainda não têm resposta sobre o tempo de efeito das vacinas e o esquema vacinal pode passar a ser de três doses.  Por enquanto as autoridades devem rever a estratégia de imunização e medidas de afrouxamento da prevenção.

“Qual é a melhor estratégia? Vacinar a maior parte, estendendo grupos para vacinação com uma dose ou elaborar estratégias para garantir uma rápida cobertura vacinal para duas doses?”

No Brasil, são mais de 1 mil casos confirmados dessa cepa e 41 mortes. Aqui no Amazonas são seis casos confirmados: 4 em Manaus e 2 em Maués. Todos viajaram ou tiveram contato com quem esteve nos Estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

O infectologista da Fundação de Medicina Tropical, Dr Antonio Magela, explica que, apesar de ter capacidade maior de transmissão, não causou quadros clínicos graves. Em Manaus, quatro contaminados estavam imunizados com as duas doses.

“Toda as pessoas identificadas com a variante Delta em Manaus foram tratadas em casa, nenhuma delas evoluiu para necessidade de hospitalização. Mas o que não significa que possamos relaxar as medidas de proteção, até porque elas nos protegem não só das variantes do coronavírus, mas para outros vírus respiratórios”, afirma.

Ouça as análises na reportagem:

A diretora da SBI explica que os que evoluem de forma grave ou morrem por contaminação pela Delta em todo o mundo são “não vacinados ou incompletamente vacinados, uma minoria tem duas doses, em qualquer uma das vacinas”.

Segundo Dr Antonio Magela, outra característica da contaminação pela variante Delta é que os pacientes geralmente não apresentam perda de olfato e paladar, como ocorre em outras cepas, e causa menos tosse e menos comprometimento pulmonar. Ainda assim é preciso prevenir, pois a redução do número de contaminações reflete no número de mortes.

O impacto da variante Delta também é diferente por causa da cobertura vacinal. Até o início desse ano, a variante P1, identificada no Amazonas, infectou a população totalmente sem cobertura vacinal. Hoje são 50% da população total amazonense imunizada com a primeira dose, mas só 19% estão com o esquema vacinal completo.

Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar