Desmatamento na Amazônia gera prejuízos ambientais e econômicos em todo o país

Desmatamento na Amazônia afeta clima no restante do país. Foto: Agência Brasil

O desmatamento na Amazônia segue em ritmo acelerado, e isso já não é novidade. De janeiro a dezembro deste ano, o total de área desmatada no Amazonas foi de 1.826,04 km² , 42% a mais que no mesmo período do ano passado, quando 1.276,88 km², foram desmatadas.

Os dados são Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com o desmatamento na Amazônia cada vez mais alto, todo o país precisa ficar em alerta, porque as consequências não interferem só na região, mas em todo o país.

Segundo o geógrafo e ambientalista Carlos Durigan, diretor da WCS Brasil (Associação Conservação da Vida Silvestre), é necessário que haja uma aplicação maior de ações em defesa do patrimônio ambiental.

“O ano de 2021 para a Amazônia tem sido muito marcante pela incidência de crimes ambientais em toda região. O aumento do desmatamento está diretamente relacionado à expansão de atividades descontroladas e muitos crimes ambientais, como ocupação ilegal de terras públicas. O desmatamento em larga escala leva à perda do nosso patrimônio natural, que tem muito valor agregado e presta presta importante serviços ecossistêmicos localmente, como provimento de água, alimento e regulação do clima”, comentou.

O que muita gente não sabe é que o desmatamento na Amazônia pode alterar o clima em outras regiões do país, por meio do fenômeno chamado ‘rios voadores’. Funciona da seguinte forma: a massa de ar úmido da região é responsável pela formação das chuvas, amenizando a sensação de calor.

A floresta amazônica basicamente distribui água natural para o restante do Brasil por meio desse processo. Mas, com cada vez menos árvores para ajudar na transpiração, menos água tem na atmosfera. Consequentemente, menos chuvas, conforme explicou, ainda, o especialista.

“O planeta é está todo interconectado. Mesmo em grandes distâncias elas são atingidas por influências do que acontece em uma outra região no caso da Amazônia. A floresta contribui significativamente para o aumento de umidade na circulação atmosférica que passa por cima de toda a América do Sul principalmente na região central. Assim, o desmatamento acaba também influenciando na redução de chuvas em outras regiões”, disse.

As consequências não param por aí. O abastecimento humano, a agricultura e a economia tendem a ser afetados pelo problema, já que envolve todo o ecossistema.

O biólogo e doutorando no Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante analisa que os danos surtem efeitos de nível global.

“O Brasil hoje registra um dos maiores índices de desmatamento dos últimos 10 anos, uma situação extremamente preocupante. Um dos grandes motores para aumento do desmatamento no Estado do Amazonas é a rodovia BR-319 que nós já classificamos como uma ponta de lança do desmatamento na Amazônia. Nós precisamos sempre lembrar que 70% das chuvas que abastecem as regiões Sul e Sudeste do Brasil são advindas da região amazônica. Em resumo, o desmatamento da Amazônia é um tiro no pé no Brasil Isso afeta inclusive economicamente a própria região, uma vez que nós teremos um acréscimo de preços em produtos agrícolas, produtos para abastecimento humano, o custo de produção terá maior aumento. Devemos preservar a Amazônia não apenas pela preservação ambiental mas pelos serviços ecossistêmicos que favorecem a população humana e também a economia”, destacou.

Portanto, diante de todos esses aspectos, preservar a Amazônia ainda é um desafio cada vez mais necessário.

Desmatamento na Amazônia cresce de janeiro a dezembro. Foto: Agência Brasil

 

O que dizem os órgãos de proteção ambiental?

Em nota, o Governo do Amazonas, por meio do Sistema Estadual do Meio Ambiente informou que realiza o monitoramento diário dos alertas de focos de calor e desmatamento, e que 2021, trabalhou na otimização das estratégias e no melhoramento dos recursos para fortalecer as ações de combate ao desmatamento e às queimadas ilegais, por meio da Operação Integrada Tamoiotatá, coordenada pelas secretarias de Segurança Pública (SSP-AM) e Meio Ambiente (Sema).

“A força-tarefa ocorre de forma contínua desde abril, com um efetivo de 312 pessoas, entre servidores e brigadistas florestais capacitados pelo Estado para atuação nos sete municípios que concentram o maior número de ocorrências de degradação ambiental. A atuação do Estado ganhou reforço, com a inauguração do Centro de Monitoramento e Áreas Protegidas (CMAAP), do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). O CMAAP dispõe de sistema digital utilizando imagens de satélite de média e alta resolução e um conjunto de softwares e dashboards (painéis visuais) atualizados diariamente, o que torna a atuação do Ipaam mais ágil e precisa, além de reduzir custos”, esclarece a nota.

 

O Instituto desempenha ainda ações de Educação Ambiental no Amazonas, com atividades voltadas à conscientização contra queimadas e desmatamento, gestão responsável de resíduos sólidos, pesca legal e cuidado com a fauna e água, mantendo o objetivo de minimizar os impactos negativos causados ao meio ambiente e à saúde humana.

A Sema destaca que, do total de alertas de desmatamento registrados no Amazonas, de 1º janeiro a 9 dezembro de 2021, 72,28% ocorreram em áreas de gestão direta do Governo Federal, com destaque para glebas e assentamentos. Do total, apenas 5,23% ocorreram em áreas estaduais.

 

Rebeca Beatriz – Rádio Rio Mar