Delegados da APA aprovam Carta de Repúdio a violência de Bolsonaro contra Igreja e Bispos

CARTA ABERTA À SOCIEDADE

“Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de escondido, que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido”. (Lc 12,1-2)

Nós, Leigos e Leigas, Religiosas e Religiosos, diáconos e sacerdotes reunidos em Manaus de 19 a 21 de outubro de 2018, por ocasião da 10ª Assembleia Pastoral Arquidiocesana (APA), vimos a público manifestar nosso repúdio, à forma desrespeitosa e violenta com que nossos pastores, que são reunidos na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram tratados pelo candidato à presidência da república, deputado Jair Bolsonaro (PSL), que chamou, nossos amados bispos, de “banda podre da Igreja”.

Os bispos são sucessores dos apóstolos. “A Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, que se encontra, embora, fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica” (Lumen Gentium, nº 8). Atacar nossos bispos é atacar toda a nossa Igreja.

O Papa Francisco disse aos políticos latinos americanos, em dezembro de 2017, que: “Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com paixão o seu serviço aos povos, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que sejam abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que conjuguem a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação”. É inadmissível, que um postulante ao mais alto cargo da administração pública, pretendendo ser nosso chefe de Estado, aja de forma impulsiva, descontrolada e violenta, quando deveria se manifestar de forma a pacificar a nação.

Reafirmamos assim, nossa unidade com nossos pastores, nos solidarizamos com eles e também com todos os organismos de nossa Igreja (Conselho Indigenista Missionário – Cimi, Comissão Pastoral da Terra – CPT, Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, Cáritas, Pastorais Sociais, Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, Pastorais de Juventude – PJs, entre outras) que são cotidianamente atacados por propagadores de uma cultura de ódio que põe em cheque nossa frágil e jovem democracia.

 

 

Manaus/AM, 21 de outubro de 2018.