Carlos Almeida diz que exoneração de Bonates é válida e cabe a Wilson Lima reconduzi-lo ao cargo

Na madrugada desta quinta-feira (22), o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida (PSDB) elaborou e assinou a exoneração do secretário de segurança pública do Estado, Louismar Bonates, no exercício do cargo de governador, uma vez que Wilson Lima (PSC) viajou para Brasília. A edição extra do Diário Oficial, no entanto, não foi publicada, o que torna inválida a demissão.

O governo do Amazonas emitiu uma nota, na qual afirma que, na madrugada desta quinta-feira (22/07), o vice-governador, Carlos Almeida, e um funcionário comissionado da Casa Civil, de forma ilegal, criaram um documento exonerando um secretário de Estado, sem conhecimento do chefe da Casa Civil e do governador.

Governo diz que o documento é fraudulento e não tem validade e efeito porque não chegou a ser publicado. A nota diz que “o ato gravíssimo tem o objetivo de causar instabilidade e danos ao Governo” e que o servidor teve as senhas de acesso ao sistema de governo canceladas, foi proibido de entrar na Casa Civil e será exonerado.

O Estado diz que o caso foi encaminhado à polícia para providências de responsabilização dos envolvidos no ato que classifica como “criminoso”.

O documento assinado por Carlos Almeida para justificar a exoneração de Louismar Bonates e substituição dele por Mário Aufiero enumera os seguintes motivos:

1 – Investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre atuação de Bonates em operação na região do Rio Abacaxis, que resultou em, ao menos oito mortes;

2 – Consolidação do crime organizado na região metropolitana de Manaus em razão da ausência da Secretaria de Segurança Pública (SSP);

3 – Ausência de serviço de inteligência na SSP;

4 – Acontecimentos ocorridos entre os dias 05 e 08 de junho, quando criminosos incineraram patrimônios públicos na capital e no interior;

5 – Suposta chacina em Tabatinga, com sete pessoas de 17 a 27 anos mortas entre os dias 12 e 13 de junho;

6 – Operação ‘Garimpo Urbano’, da Polícia Federal, que resultou na prisão do secretário-executivo de inteligência da SSP, delegado da Polícia Civil Samir Freire;

7 – Suposta utilização de equipamento de grampo telefônico para cometimento de crimes;

8 – Acusação da Polícia Federal contra Bonates, em 2015, por supostamente negociar ampliação de poder de uma facção criminosa;

9 – Não ter havido, até o momento, a efetivação do laboratório de lavagem de dinheiro instalado pelo governo federal no Amazonas;

10 – Para melhor apuração dos fatos pelos órgãos que investigam as denúncias.

 

Após a não publicação do Diário Oficial com a exoneração de Louismar Bonates, o vice-governador Carlos Almeida divulgou a seguinte nota:

“Na noite da última quarta-feira (21), protocolei na Casa Civil do Estado do Amazonas o pedido de exoneração do secretário de Segurança Pública, coronel Louismar Bonates. Um ato de extrema necessidade diante do escândalo que a permanência do secretário representava à frente da pasta.

Além do colapso na Saúde, que infelizmente resultou na morte de muitos amazonenses, o estado vem sendo vítima de uma infinidade de desvios éticos que, segundo investigações, atingem também a Segurança Pública. Portanto, não tendo o governador exercido tal obrigação, coube a mim pedir a exoneração do secretário em nome da moralidade.

Como determina a Constituição, a ausência do governador implica em imediato exercício do cargo pelo vice-governador, portanto, enquanto governador em exercício, meus atos são válidos. Acusações de fraude demonstram total desconhecimento da legislação por parte da equipe de Wilson Lima.

Ressalto que todas as medidas criminais e administrativas serão tomadas em relação aos servidores que se opuserem ao cumprimento da ordem de exoneração. Posteriormente, caso Wilson Lima discorde de minha decisão, mesmo diante de todas as denúncias envolvendo o nome do secretário, o governador poderá reconduzi-lo ao cargo assim que retornar de viagem.”

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Reprodução/Instagram