A Prefeitura de Manaus exonerou sete médicos investigados pelo Ministério Público do Amazonas por terem, supostamente, furado a fila para receber a vacina contra a Covid-19.
Os cargos eram de gerente de projetos, embora, na prática, trabalhassem em unidades de saúde municipais. As duas residentes de medicina, Isabelle e Gabrielle Lins estão na lista. Elas receberam a segunda dose da CoronaVac e devolveram, em juízo, o salário referente ao mês em que trabalharam na UBS de campanha Nilton Lins. Os salários líquidos das duas somam cerca de R$ 12 mil.
Quando o Ministério Público do Amazonas começou a apuração sobre os fura-filas, em janeiro, foi mencionada a possibilidade da nomeação de 10 médicos perto do início da vacinação ter sido proposital. A prefeitura, então, alegou dificuldade na contratação de médicos para o combate à pandemia.
Em entrevista à Rádio Rio Mar, o promotor do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público do Amazonas, Armando Gurgel, avalia que a exoneração após a segunda dose é uma atitude contraditória.
“Em face da afirmação de que as médicas questionadas teriam sido contratadas com o desvio de função em razão da necessidade urgente de combate à pandemia na linha de frente e que a imunização também vinha nesse contexto. Portanto o desligamento, afastando se por completo do combate à pandemia, mostra-se totalmente contrária à essa afirmação e, de certa forma, sublinha a suspeita inicial, foi uma suspeita nacional diante da exposição midiática do caso”, afirmou.
Sobre a devolução dos salários, o promotor explica que pode configurar arrependimento posterior e uma tentativa de reparar o resultado do crime. O órgão vai apurar a conduta, juntamente com a informação falsa de que foram contratados como gerente de projetos para atuarem como médicos, mas tinham salário maior do que os demais profissionais.
Em 27 de janeiro, o Ministério Público havia pedido a prisão do prefeito de Manaus David Almeida e da secretária municipal de saúde Shádia Fraxe por causa dos fura-filas. O processo está parado na justiça. Armando Gurgel afirma que deve prosseguir com as investigações de modo que as medidas não dependam de intervenção judicial.
Confira a reportagem com as declarações:
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar