Editorial: Semana Laudato Si´: O Planeta está na cama do hospital, a Amazônia na UTI

Editorial:

Por Luis Miguel Modino*

Este editorial lembra que em 2015, o Papa Francisco escreveu sua primeira Encíclica: “Laudato Si´”, um texto que pretendia refletir sobre o cuidado da Casa Comum, e fazer isso além dos muros da Igreja, em diálogo com a sociedade, uma atitude fundamental para fazer realidade esse cuidado.

Para lembrar da importância dessa Encíclica e dos ensinamentos que ela encerra foi criada a Semana Laudato Si´, que em 2022 acontece de 22 a 29 de maio. A realidade planetária em questões meio ambientais é cada vez mais complicada, até o ponto de ter que concordar com uma afirmação lida recentemente que diz: “Se o Planeta Terra fosse uma pessoa, provavelmente hoje estaria deitado em alguma cama de hospital com intravenosa de morfina no braço para aliviar as muitas e atrozes dores que o afligem”.

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Na Amazônia, em Manaus, poderíamos dizer que a realidade é ainda mais preocupante, até o ponto de poder afirmar que: Se a Amazônia, se Manaus, fosse uma pessoa, com certeza estaria na UTI. Os efeitos do garimpo, do desmatamento, das queimadas, do lixo, são cada dia mais evidentes. A enchente dos rios e igarapés que cortam a cidade de Manaus mostram que o lixo tomou conta da cidade, uma imagem dantesca, que deve nos levar a refletir.

Cada um de nós e todos juntos como sociedade somos desafiados a nos perguntarmos o que estamos fazendo errado para ter chegado nessa situação. O lixo que polui até limites absurdos os nossos rios é meu, é seu, é de todos nós. Não estamos dispostos a assumir uma mudança radical de hábitos, não queremos nem saber de conversão ecológica. Inclusive nós, cristãos católicos, inclusive aqueles que dizemos admirar as palavras, gestos e atitudes do Papa Francisco, deixamos a Laudato Si no estante e esquecemos que suas palavras devem se transformar em atitudes concretas.

Quando vamos tomar consciência de que a responsabilidade pelo cuidado do Planeta é nossa? O que adianta exigir responsabilidades do poder público se eu não estou disposto entrar no caminho da conversão ecológica? Quando vamos enxergar que nossas atitudes, mesmo aquelas que a gente faz por instinto, muitas vezes são contrárias ao necessário cuidado da Casa Comum?

O respeito pela obra do Criador deveria ser um elemento fundante na vida de todos aqueles que professamos a fé N´Ele. A atual realidade nos desafia a assumir essa atitude e tomar postura no campo da política, da economia, do relacionamento com os outros. Nosso compromisso é fundamental para uma mudança cada vez mais urgente e necessária. Tudo aquilo que a gente faz, por pequeno que seja, representa um passo a mais ou a menos no caminho do cuidado da Casa Comum.

Seja consciente que isso aí tem a ver com você, não fique se fazendo de desentendido, não queira carregar só nas costas dos outros uma missão que também é sua. Se hoje estamos aqui é pelo compromisso que nossos antepassados tiveram no cuidado do ambiente. Será que para você não é importante que seus descendentes possam dizer no futuro a mesma coisa?

Ouça este editorial em áudio:

*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB