Editorial: Florestas, água, seu cuidado é decisivo, mas será que nós temos consciência disso?

Editorial:Por Luis Miguel Modino*

Florestas, água, elementos fundamentais para a sobrevivência da vida no Planeta Terra, para a humanidade ter um plano de futuro. Seu cuidado resulta decisivo, mas será que nós temos consciência disso?

Na última segunda-feira 21 de março, foi comemorado o Dia Internacional das Florestas, e no dia 22 de março o Dia Mundial da Água. Infelizmente, para muita gente, isso passou batido, estamos diante de algo que de fato pouco ou nada importa para uma grande parcela da população.

Será que somos conscientes das consequências dessa falta de cuidado, ainda mais dessa falta de interesse? A destruição das florestas, especialmente da Floresta Amazônica, tem aumentado exponencialmente nos últimos anos. A mesma coisa podemos dizer da poluição das águas, um bem cada vez mais escasso para bilhões de pessoas.

Poderíamos dizer que florestas e água são elementos intrinsecamente relacionados. Sem florestas, a água diminui e sem água as florestas morrem. As causas dessa situação muitas vezes têm a ver com a ganância de uns poucos que prejudica toda a população, mas também com a falta de um compromisso sério da sociedade em defesa daquilo que garante a vida em plenitude para todos e todas.

Na Amazônia está sendo notícia nas últimas semanas algo que muita gente já sabia, a alta concentração de mercúrio nos rios, o que está atingindo a cada vez mais pessoas. Em algumas regiões 90 por cento da população ribeirinha e 70 por cento da população urbana tem altas concentrações de mercúrio no corpo, o que provoca doenças, em alguns casos muito graves.

Isso é consequência do garimpo, uma atividade cada vez mais presente na região, muitas vezes com a conivência do poder público, que ameaça gravemente as águas e em menor medida as florestas, mas que sobretudo tem consequências muito sérias para a vida do povo e para a sobrevivência dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. Não podemos esquecer que eles têm sido os guardiões seculares das águas e florestas amazônicas.

A preocupação com esse cuidado deve ser atitude presente em todas as pessoas, mas esse chamado ainda é mais forte para aqueles que acreditam no Deus Criador de uma Casa Comum que Ele mandou cuidar e preservar. Um cristão que não se preocupa com o cuidado das águas, das florestas e de tudo aquilo que é expressão do Deus Criador, deve se questionar em referência a sua fé, pois o primeiro elemento que define Deus é ser Criador.

Mais uma vez estamos diante de uma oportunidade de nos questionarmos como humanidade, de fazer escolhas sobre os caminhos a serem trilhados. Diante do espólio que vemos em relação com as florestas e as águas, qual é nossa atitude como pessoas, como sociedade, como igrejas? Somos conscientes da importância do nosso compromisso urgente para com um maior e melhor cuidado?

Nosso descaso terá consequências graves, o que nos faz responsáveis pelo futuro da humanidade. Somos desafiados a um compromisso sério que faça com que o rumo mude e a toma de consciência sobre o cuidado se torne prioridade para todos e todas.

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*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB