Proposta para maior eficiência energética de ar condicionado deve afetar fabricantes em Manaus

Uma proposta do Ministério de Minas e Energia deve afetar a conta de luz dos brasileiros, contribuir para a extinção do horário de verão e, principalmente, afetar o Polo Industrial de Manaus. Isso porque o órgão governamental está prestes a anunciar uma exigência de maior eficiência energética dos aparelhos de ar condicionado vendidos no País.

A proposta já foi, inclusive, aceita pela Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado e vai voltar a ser discutida na próxima reunião do Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética, no dia 6 de dezembro. Atualmente, todos os 11 maiores fabricantes do País estão em Manaus.

Para o economista e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, a medida é uma tentativa do governo federal de transferir responsabilidade sobre estrutura energética para a iniciativa privada. Ele compara a situação à recente migração do sistema analógico para o digital das TVs.

As novas normas, se aprovadas, vão eliminar do mercado quase 40% dos modelos atuais de ar-condicionado.  A proposta do Ministério de Minas e Energia coincide com a recente discussão no governo sobre o fim do horário de verão. O próprio Ministério fez um estudo e concluiu que a hora adiantada no período mais quente do ano não resulta mais em economia de energia e que o consumo energético gerado pela popularização dos aparelhos de ar-condicionado é uma das principais razões para isso.

Um impasse a ser discutido na próxima reunião é o fato de que para manter os incentivos fiscais, as empresas precisam comprar alguns componentes em Manaus e os fornecedores vão ter que adequar os insumos à nova configuração energética. Wilson Périco afirma, porém, que todas as fabricantes já têm produtos econômicos.

Hoje, condicionador de ar do tipo “split” representa mais de 80% do mercado e precisa ter um coeficiente de eficiência energética (CEE) de, pelo menos, 2,6. A proposta do governo é elevar o índice para 2,81 e, depois, para 3,02, em dois anos.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Getty Images