Partido dos Trabalhadores diz que Ricardo Salles tenta liberar madeira de apreensão histórica do Brasil

O Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou, em seu site, nesta segunda-feira (05/04), que o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, está tentando devolver aos madeireiros do Pará, a carga confiscada na maior apreensão de madeira da história do Brasil, realizada no âmbito da Operação Handroanthus. No dia 22 de dezembro do ano passado, a Polícia Federal já tinha contabilizado 131 mil metros cúbicos. Com a conclusão da catalogação, o total passou de 200 mil metros cúbicos apreendidos, segundo o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, em entrevista à Folha de São Paulo, no último domingo (04/04).

Na semana passada, Ricardo Salles esteve na região de Cachoeira do Aruã, no Rio Arapiuns, em Santarém, onde a apreensão foi feita. O ministro foi recebido no local pelos madeireiros que tiveram as cargas apreendidas. Para o delegado Alexandre Saraiva, esses madeireiros integram uma organização criminosa.

Em postagem nas redes sociais, Ricardo Sales postou um vídeo no meio da floresta e escreveu: “Não é correto demonizar todo o setor madeireiro. É preciso verificar os criminosos e puni-los duramente, mas sem generalizar”. Porém, o próprio ministro já teve essa atitude, quando suspendeu os contratos de todas as Organizações Não-Governamentais (ONG’s), assim que tomou posse, em janeiro de 2019.

No vídeo, Ricardo Salles mostra que a etiqueta de uma tora apreendida mostra o exato lugar de onde ela foi retirada e, na avaliação dele, “os dados bateram certinho” e há “presunção de conexão da origem do lote com os documentos relacionados”.

Na entrevista à Folha de São Paulo, o delegado Alexandre Saraiva afirma que não há documento que autorize exploração naquele local. “Onde está o processo administrativo que autorizou essa exploração? É claro que o criminoso sabe onde ele cometeu o crime. Isso é incontroverso. Existe um plano de manejo legal?”, indagou Saraiva.

O delegado afirma ainda que a PF tem “10 ou 12 laudos atestando de forma inequívoca a ilegalidade de exploração” e que “as empresas têm mais de duas dezenas de autuações no Ibama” e, por isso, trata-se de “uma organização criminosa”.

Para o deputado federal José Ricardo (PT), a interferência do ministro do meio ambiente no combate da Polícia Federal é absurda. (ouça abaixo)

Handroanthus, que deu nome à operação, é o nome científico do Ipê, a árvore mais cobiçada por organizações criminosas na Amazônia.

A Rádio Rio Mar procurou o Ministério do Meio Ambiente para responder à denúncia de que o ministro Ricardo Salles está tentando liberar a madeira apreendida, mas não houve resposta até às 5h desta quarta-feira (07/04).

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Reprodução/Twitter