O combate ao preconceito é um dever não só das vítimas de violência ou discriminação racial. É um dever de todos. As estatísticas, cada vez mais altas relacionadas a esse tipo de crime, mostram que o momento ainda é de lutar em defesa da causa.
De acordo com dados mais recentes do anuário de Segurança Pública, os negros (soma dos pretos e pardos da classificação do IBGE) representam 77% das vítimas de homicídios no país. A chance de um negro ser assassinado é quase 3 vezes maior à de uma pessoa não negra.
Segundo o Presidente do Instituto Nacional Afro Origem do Amazonas e Coordenador do Movimento Amazônia Afro, Christian Rocha, políticas mais rigorosas e que sejam colocadas em prática em menos tempo, devem ser adotadas para reduzir esses números.
“O que deve acontecer é que os operadores do direito precisam enxergar a questão racial, e principalmente os crimes e os delitos precisam ser mais céleres. Os processos, que começam desde o inquérito policial, precisam ser algo mais rápido e mais concreto, porque quando tem a ausência disso, gera a sensação da impunidade neste país. O país passa a sensação da impunidade”, disse.
- Desigualdade social entre as pessoas pretas mostra os efeitos do racismo estrutural e seus impactos
- Número de denúncias de racismo registradas em Manaus não reflete a realidade, afirma movimento
Ele explicou, ainda, que é necessário ir na raiz do problema. O preconceito existe, e para combate-lo é preciso investir em educação e conscientização, e, principalmente desnaturalizar o racismo.
“Pelo fato de ter-se naturalizado o racismo, dificilmente nós vamos chegar a um denominador comum em que a gente possa falar que a situação toda acerca do racismo começa pelo fato de a pele negra ser marginalizada. Infelizmente, alguns ainda colocam isso como critério. O nosso país naturalizou tanto isso, que o negro hoje é visto de forma inferior, de uma forma subalterna”, comentou.
Ouça esta reportagem em áudio:
Em 21 de março é comemorado o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data reforça a luta contra o preconceito em nível global.
No Brasil, esta luta também está relacionada à luta por igualdade de direitos em diversas esferas sociais, além da luta contra a violência à pessoa negra, uma luta com raízes profundas, que florescem em prol da valorização da pessoa negra.
Rebeca Beatriz – Rádio Rio Mar