MPF arquiva denúncia de suposto complô para desacreditar cloroquina em estudo no AM

Um cidadão do Amazonas acionou o Ministério Público Federal (MPF) do Amazonas para denunciar um suposto complô de pesquisadores na constatação da ineficácia da Cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19. A denúncia foi arquivada, no último dia 16, após o MPF concluir que não houve negligência ou tendência e também por não haver causa que justificasse a abertura de qualquer investigação.

Chama a atenção, na denúncia, que o denunciante afirma que o estudo teria sido conduzido de forma criminosa pela Fiocruz para desacreditar a cloroquina como possível tratamento para a covid-19.

Para justificar a teoria, o denunciante cita uma notícia na qual consta que “o experimento consistiu na administração de altas doses de cloroquina em parte de um grupo de 81 pacientes em estágio avançado do COVID19, com o objetivo de analisar arritmias cardíacas”. E que o estudo não tinha como objetivo testar a cloroquina para a doença, mas analisar os efeitos adversos”. No decorrer do estudo 11 (onze) pacientes morreram.

Na teoria criada pelo denunciante e foi arquivada pelo MPF, o cidadão pede responsabilização dos pesquisadores por conduta culposa ou dolosa.

O MPF decidiu pelo arquivamento logo após verificar que as pesquisas foram conduzidas por meio de assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos participantes, no qual constam as devidas advertências sobre os riscos de se submeter ao novo tratamento.

O MPF escreve que, após as mortes das onze pessoas, a Fiocruz anunciou a ineficácia da administração de altas doses do medicamento para pacientes graves, tendo o estudo prosseguido com o reajuste das quantidades ministradas.

O MPF também ouviu o coordenador da pesquisa e ele explicou que os participantes morreram de complicações associadas à Covid-19 e não pelos efeitos colaterais do medicamento.

Nos procuramos o médico e pesquisador amazonense, Marcus Lacerda, coordenador do estudo. Ele está de férias, mas respondeu que o MPF “investigou de acordo com o papel dele e concluiu que o estudo não teve nada de antiético ou ilegal e que apenas foi vítima de fake news. Marcus Lacerda disse ainda que “o estudo foi o artigo do ano da revista Jama Network Open e mudou radicalmente a percepção dos médicos americanos sobre a cloroquina na Covid-19 e só aqui no Brasil prevaleceu a dúvida”.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Divulgação/MPF e Rodrigo Santos/Secom