Manaus fechou fevereiro com o maior número de inadimplentes dos últimos 11 meses. Conforme a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 190.913 indivíduos estão com pagamentos atrasados.
Essa quantidade só é menor do que em março do ano passado, quando havia 200.283 mil inadimplentes.
Do total de 190.913 mil devedores, 104.508 não terão condições de pagar as dívidas, segundo a pesquisa.
A pesquisa também mostra que, no total, Manaus tem quase 431 mil endividados, entre inadimplentes e aqueles com empréstimos ou financiamentos.
Ao mesmo tempo, fevereiro registrou o menor percentual de famílias endividadas dos últimos oito meses, ou seja, desde junho do ano passado: 67%.
A maior parte destas dívidas está concentrada no cartão de crédito e nos carnês.
De acordo com o vice-presidente da Fecomércio-AM, Paulo Tadros, os indicadores refletem a corrosão do poder de compra do consumidor pela inflação.
Do mesmo modo, a alta nas taxas de juros tem causado grande impacto nas finanças das famílias. A média passou de 39,4% em janeiro de 2021 para 46,3% em janeiro de 2022.
Assim, a população tem perda do poder aquisitivo ao mesmo tempo em que os preços e os juros aumentam. Desse modo, quitar dívidas fica mais difícil e o endividamento e inadimplência tendem a piorar, nos próximos meses.
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Panorama nacional
Tanto os endividados quanto inadimplentes cresceram entre os dois grupos de renda. Nas famílias com ganhos até 10 salários mínimos, houve aumento de 0,4 pontos percentuais e o endividamento alcança 77,8%. Similarmente, a proporção alcançou maior patamar histórico na parcela com renda acima de 10 salários mínimos: 72,2%, com incremento anual de 10,1 pontos percentuais.
Como resultado, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, afirma que o encarecimento do crédito no Brasil, a fragilidade no mercado de trabalho e as incertezas do processo eleitoral devem agravar o cenário.
“Consideramos necessárias e relevantes as alternativas que suportem o pagamento dos compromissos financeiros assumidos e a renegociação das dívidas ou contas não pagas”, diz Izis Ferreira.
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
Foto: Divulgação