Especialista explica o que está por trás das 33 milhões de pessoas que passam fome no Brasil

Um levantamento divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) indica que 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer no país. Os dados constam do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. De acordo com o levantamento, o número de novos brasileiros em situação de fome aumentou em 14 milhões em pouco mais de um ano.

Especialista explica o que está por trás da estatística dos 33milhões de pessoas que passam fome no Brasil

Mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau, seja leve, moderado ou grave. Para o cientista social, Gade Pedrosa, a fome intensificada hoje no Brasil é consequência de atitudes políticas.

”A gente tem que considerar principalmente que a fome é produto da desigualdade social que nós vivemos no Brasil, a fome intensificada nos últimos anos, tem ligação com projetos de desmonte de políticas públicas que atendiam populações desassistidas no Brasil, então a gente tem que considerar isso como ponto de partida, R$33 milhões de pessoas ou vive em situação de insegurança alimentar, esse é um absurdo, considerando que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do planeta”, disse Gade.

Com 45,2% da população, o Norte lidera o ranking de domicílios com as formas mais severas de insegurança alimentar, ou seja, moderada ou grave.

”O Amazonas por exemplo vive uma macrocefalia urbana, então quem vive no interior por exemplo, sofre um pouco mais com a falta de recursos alimentares, porque muito da alimentação vai da capital para o interior, através de embarcações, então um dos caminhos é por meio de políticas públicas municipais, estaduais que devem estimular a produção rural, promover feiras e também políticas que facilitem o escoamento da produção rural desses municípios mais afastados para capital, ou então a circulação de mercadoria entre os municípios do interior”, disse o cientista social.

Para o cientista político, Helso Ribeiro, o processo de colonização no Brasil, mostra que a fome é secular.

”Desde os escravos que foram trazidos aqui, a gente já viu esse problema, de forma mais recente o penúltimo programa das Nações Unidas para desenvolvimento, mostrou que no governo federal passado o Brasil infelizmente voltou ao mapa da Fome mundial, e aí a gente observa que nós continuamos tal qual no começo da colonização, deixando pessoas distantes de assistência, se nós tivermos uma política pública voltada para combater essa doença que é deixar o nossos irmãos passando fome, no curto prazo consegue se resolver isso”, disse o cientista político.

 

Yuri Bezerra Rádio Rio Mar