Famílias na rua: conheça histórias de brasileiros e estrangeiros que enfrentam a fome em Manaus

Talvez você não perceba ou até sinta um certo desconforto ao ver alguém na rua pedindo uma moeda ou um alimento, mas eles vão continuar ali e pedir para outra pessoa, tentando sobreviver. Infelizmente esse cenário tem se tornado mais comum em Manaus. Uma série de reportagens da Rádio Rio Mar conta a história de famílias que enfrentam a fome e sobrevivem das doações que recebem nas ruas.

Ouça o primeiro episódio:

A imigrante venezuelana Greidi Kati, de 38 anos, amamenta o seu filho recém-nascido, Manuel, de apenas 15 dias de vida em uma calçada, perto de um semáforo na Avenida Sete de Setembro, no Centro da capital. Ela deveria estar descansando durante o puerpério, mas não encontrou outra alternativa senão seguir os passos do marido e o auxiliar nos pedidos de ajuda.

Enquanto isso, seu esposo, o pedreiro Jefre Josué, de 41 anos, caminha entre os carros parados. Ele precisa juntar R$ 40 para garantir a diária da pensão, um abrigo provisório, que já lhes garante uma cama para descansar e um chuveiro. É só depois de conseguir arrecadar o valor da moradia que os pais podem comprar o alimento. Nem sempre o dinheiro é suficiente para garantir uma noite de sono debaixo de um teto.

O casal tem outros 4 filhos. A família está no Brasil há dois anos, sendo seis meses em Manaus, fugindo da fome, dos conflitos, do medo e da morte desde que deixou a capital da Venezuela, Caracas.

A pandemia de Covid-19 tem agravado uma situação que já estava crítica. Segundo a Cáritas Arquidiocesana de Manaus, somente no bairro Colônia Antônio Aleixo, por exemplo, há 800 famílias cadastradas pela Paróquia, que precisam de doação de alimentos.

Vanilza, Mateus e o pequeno Lucas sobrevivem das doações que recebem na Av. Boulevar Álvaro Maia. Foto: Ana Maria Reis

É lá onde mora o casal Vanilsa Santos e Mateus Laranjeiras com o pequeno Lucas Mateus de sete meses. Eles passam o dia no canteiro central da Avenida Boulevard Álvaro Maia. Enquanto a mãe dava banho no bebê em um balde, o pai abordava os veículos para limpar o para-brisa e receber, em troca, alguma moeda.

Além de Lucas, eles são pais de outros cinco filhos e dependem da generosidade dos motoristas para levar o sustento para casa.

Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar