A essa altura da pandemia, Manaus já tinha condições de estar com 100% da população com 12 anos ou mais vacinada contra a Covid-19 com pelo menos a primeira dose, mas essa não é a realidade. A cidade está com 82% de cobertura com a primeira dose no público dessa faixa etária.
Alguns ainda não procuraram os postos por motivo de saúde, como a Ágata Priscila, de 20 anos.
“Eu estava doente, gripada e não podia vir. Não pode deixar passar porque agora é necessário tomar, nenhum lugar entra sem tomar a vacina. Agora não vou ser barrada”
O Élcio Pinheiro, 59 anos, estava desconfiado no começo, mas foi convencido pela filha. “Eu acho que pode ser bom mesmo. Minha filha disse ‘papai, tem que tomar’ e viemos para tomar.”
Nesta semana, um novo público tem procurado os postos de vacinação na capital: o dos trabalhadores de empresas que passaram a exigir o cartão de vacina dos funcionários, como o Jonas de 32 anos.
“Na realidade eu estou aqui praticamente forçado, né, não queria tomar a vacina. Eu vou tomar porque a empresa está exigindo que eu tome. Eu não tenho interesse particular em tomar”, diz.
Exigência legal
Não há consenso sobre o tema, mas o empregador pode exigir a vacinação dos funcionários, considerando a proteção do ambiente de trabalho. Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a vacinação contra a Covid-19 é obrigatória e que sanções podem ser estabelecidas contra quem não se imunizar.
Segundo o Jonas, não foi uma obrigação direta da empresa, mas ele entendeu o recado. “Não falou com essas palavras, mas disse que queria que todos os funcionários estivessem vacinados. Me senti um pouco encurralado em relação, pois estou fazendo praticamente contra a minha vontade, colocando algo no meu corpo”.
Na fila da primeira dose no Clube do Trabalhador do Sesi, outras pessoas estavam na mesma situação. “To tomando por causa da empresa que exigiu da minha pessoa que tomasse, até porque está se tornando obrigatório. Então querendo ou não tem que tomar”, disse outro trabalhador.
Vacina no PIM
A prática já é realidade do Polo Industrial de Manaus. Para o presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Wilson Périco, o cartão de vacinação já é pré-requisito.
“As empresas estão adotando a posição para que os funcionários comprovem a vacinação e existe um movimento para que isso faça parte do processo de contratação das pessoas”
Segundo o Cieam, ainda não houve demissão pelo fato de um funcionário não ter se vacinado, mas a intenção das empresas é que todos estejam imunizados.
O Amazonas tem 22 casos confirmados da variante Delta. Nenhum paciente está internado e todos evoluíram para a cura clínica.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar