Por Luis Miguel Modino*
Às vezes a gente se pergunta se nosso grau de humanidade está crescendo o diminuindo. Dentro da teoria da evolução, um dos primeiros sinais da aparição da espécie humana foi a preocupação pelos outros. Estudos arqueológicos e antropológicos falam que houve um momento em que diante da doença de um dos indivíduos do grupo, os outros se preocuparam em cuidá-lo.
As atitudes que a gente encontra no dia a dia, na família, no trabalho, na vizinhança, nos meios de comunicação…, em referência à vacina contra a Covid-19 nos levam a pensar se essa preocupação pelos outros ainda está presente na mente das pessoas, no mínimo de uma parte da população que diz não estar nem aí diante de tanto sofrimento que está provocando uma doença que deve ser combatida entre todos.
Na semana passada, nosso arcebispo metropolitano, Dom Leonardo Ulrich Steiner, emitia umas orientações pastorais falando da vacina. Ele disse que “ela é necessária para criar uma imunidade que possa eliminar a transmissão do vírus”, insistindo em que “quanto mais tempo demorar a imunização da população, mais facilmente o vírus passa por mutações, dificultando o controle do mesmo”. Por isso, deixou claro que “é um dever ético e moral ser vacinado. É nossa contribuição que oferecemos às nossas famílias e à sociedade”.
Nesta quarta-feira, o Papa Francisco, junto com vários cardeais e bispos latino-americanos disse que “graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para nos proteger da Covid-19. Elas trazem esperança para acabar com a pandemia, mas somente se elas estiverem disponíveis para todos e se colaborarmos uns com os outros”. Um dos pontos chave é a colaboração mutua, tomarmos consciência de que o futuro da humanidade depende da colaboração de todos.
Os bispos deixam claro que se vacinar é um ato de “amor por si mesmo, amor pela família e amigos, amor por todas as pessoas”. No final das contas o amor cristão não é uma ideia e sim algo que se faz presente em “pequenos gestos de caridade pessoal capazes de transformar e melhorar as sociedades”, afirma o Papa Francisco. Ele insiste em que “a vacinação é uma forma simples, mas profunda de promover o bem comum e de cuidar uns dos outros, especialmente dos mais vulneráveis”.
Não podemos esquecer que “nossa decisão de vacinar afeta os outros” e que “vacinas licenciadas funcionam e salvam vidas, elas são a chave para a cura pessoal e universal”, segundo é relatado no vídeo. Não estamos diante de experimentos, ninguém é cobaia, a ciência conta com reputados especialistas que tem se esforçado para conseguir salvar a humanidade.
A Igreja católica, mais uma vez deixa claro que sua aposta é pela vida, é a voz dos nossos pastores e do próprio Papa Francisco, sempre empenhado na defesa dos mais vulneráveis. Vamos escutar sua voz ou vamos continuar nos guiando pelos “doutores do WhatsApp”?
*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB