Editorial: Celebração da memória de São José Operário lembra luta pelos direitos trabalhistas

Doar a vida

Editorial, por Luis Miguel Modino*

A Lei e sua aplicação nem sempre caminham de mãos dadas, e isso deve nos preocupar, pois quando isso acontece os mais prejudicados são os pequenos. Os direitos trabalhistas, que hoje fazem parte da vida do mundo laboral, são fruto de lutas históricas, que nem sempre avançaram de modo adequado, algo que demanda a implicação de todos e todas para continuar num caminho que ainda está longe da meta.

No Brasil, a informalidade, a falta de garantia dos direitos trabalhistas é uma realidade que todos conhecemos, mas que assumimos como algo que não tem outro jeito. Desse modo fazemos com que as condições laborais piorem e o sofrimento dos trabalhadores aumente a cada dia. Muitos trabalhadores e trabalhadoras sofrem com o desrespeito de seus direitos, mas se calam para evitar sua demissão.

1º de maio é uma data histórica de luta pelos direitos trabalhistas e a Igreja católica quis apoiar essas demandas com a celebração da memória de São José Operário. Ao longo de mais de cem anos, a Doutrina Social da Igreja tem refletido sobre a realidade do trabalho e suas condições, ajudando assim a dar passos que ajudem para concretizar melhores condições de trabalho mundo afora, também no Brasil.

A tecnologia está fazendo com que a realidade laboral mude de forma rápida e radical. O modo de trabalhar em muitos espaços é completamente diferente, diminuindo a necessidade de mão de obra, que é substituída por outros elementos e mecanismos. A contribuição humana vai perdendo espaço e isso tem que nos levar a refletir, pois o trabalho é instrumento fundamental de geração de renda para grande parte da população mundial. A falta de trabalho tem como consequência a falta de recursos para a sobrevivência das pessoas.

Como garantir o trabalho para a população e como fazer com que esse trabalho se desenvolva em condições que respeitem os direitos trabalhistas? Como ajudar para que quem trabalha possa encontrar a plenitude, a felicidade, a realização pessoal naquilo que faz? O que fazer para acabar com a exploração laboral e a falta de garantia de direitos trabalhistas?

Denunciar a exploração trabalhista, uma realidade próxima de nós, é uma obrigação que não podemos deixar de lado. Cobrar do poder público a garantia daquilo que a lei proclama tem que ser um empenho para que a cidadania possa avançar. Sejamos conscientes de que a sociedade avança quando todos e todas nos empenhamos para que assim seja, e para isso, garantir os direitos trabalhistas tem que ser uma demanda comum, que nos aproxima dos pequenos, daqueles que sempre ficaram para trás e nunca foram tratados como gente.

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Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB