Editorial, por Luis Miguel Modino*
O Tempo do Natal nos desafia a refletir sobre o poder de uma palavra, de uma Palavra que gera vida, nascida de Deus, e das palavras que semeiam morte e destruição. Somos questionados sobre o uso que cada um, cada uma de nós, fazemos das palavras. A pergunta que devemos nos fazer é para que usamos nossa capacidade de falar. O que é que a gente comunica, o que é que a gente transmite para os outros.
Reparar naquilo que a gente comunica nos leva a perceber que muitas vezes nossa palavra nasce daquela parte de nós que se empenha em destruir os outros. São tantas as coisas negativas que brotam da nossa boca, que somos chamados a refletir sobre as consequências daquilo que a gente fala. Uma palavra que deveria ser instrumento de conhecimento, de crescimento para o outro, se torna uma bala que mata, que destrói vidas.
A palavra deve ser construtora de um mundo melhor para todos e todas, deve ajudar a visibilizar o Reino de Deus no meio de nós. Sua Palavra, Jesus Cristo, é a melhor expressão de sua presença, e aqueles que se dizem seguidores e seguidoras dessa Palavra, discípulos e discípulas de Jesus, são desafiados a comunicar tudo aquilo que Deus quis transmitir no fato de se fazer carne e no modo em que isso aconteceu.
Um Palavra, um sussurro de Deus, Ele se tornou presença entre nós em uma criança que se comunicava com sua presença. Um estar no meio de nós que nos desafia a entender o que Ele tem a nos comunicar. O que será que Deus quer me dizer hoje em tantas coisas pequenas, em tantas realidades que aparentemente não são importantes? Como entender o modo de se comunicar conosco e aprender essa linguagem que gera vida?
Falar, se comunicar, para bendizer e nunca para maldizer, tirar da nossa vida tudo o que agride os outros, nos afasta deles e polariza nossa vida e nosso relacionamento com os outros, que nunca podem ser vistos como inimigos e sim como irmãos e irmãs. Quando estamos dispostos a nos fazermos pequenos, a nos comunicarmos no sussurro e não no grito, quando nossa palavra é caminho de diálogo e não de enfrentamento, vamos gerando vida, sendo Palavra encarnada do Deus da vida.
Uma palavra que não manipula, mas que atrai, uma palavra que não domina, mas que ajuda a experimentar a grandeza de caminhar juntos, uma palavra que não divide, mas nos impulsiona na vivência da fraternidade. Pensemos antes de nos comunicar, não falemos a partir do impulso e sim de uma reflexão que nos ajuda a construir juntos, a gerar vida para todos e todas.
É tempo de afinar o ouvido, de sintonizar com aquilo que Deus está nos dizendo para poder aprender a comunicar o que vem D´Ele. Deixemos que de cada um, de cada uma de nós possa brotar a Palavra que nos gerou e nos fez sua presença no meio aos outros, para assim poder tornar visível, audível, compreensível que vale a pena continuar fazendo carne o que Ele sempre nos comunicou e continua nos comunicando.
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Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB