Editorial, por Luis Miguel Modino*
A manipulação da informação sempre foi uma ameaça para a humanidade, pois gera situações que claramente prejudicam os mais fracos. Nos últimos anos, com a proliferação das redes sociais e da internet, essa ameaça tem aumentado exponencialmente, gerando situações cada vez mais preocupantes.
O anúncio de Mark Zuckerberg de que não serão checadas as publicações nas redes sociais que comanda, principalmente Facebook e Instagram e todos os aplicativos que fazem parte do Meta, abre a possibilidade de que as mentiras, as famosas Fake News, proliferem cada vez mais, servindo interesses espúrios no campo da política, da informação e do poder econômico.
Podemos dizer que estamos diante de uma institucionalização da mentira, um mecanismo que nos últimos anos, nas últimas eleições no Brasil, tem provocado graves consequências, ajudando a propagar Fake News que tiveram gravíssimas consequências para a sociedade brasileira, um fenómeno que tem se espalhado em diversos países do mundo.
Sabemos que as redes sociais têm se tornado um instrumento de grande importância na divulgação das notícias. Através delas, a maioria das pessoas acessam as noticias dos diversos sites e veículos de informação, mas não podemos aceitar ser enganados para favorecer esses interesses espúrios que patrocinam governos, empresas e instituições que não visam o bem comum e muito menos a defesa dos pequenos.
O mercado, e não podemos esquecer que as redes sociais são instrumentos para favorecer os interesses do mercado, está à serviço dos poderosos e dirige as decisões políticas na maioria dos países. Essa realidade vai moldar o pensamento social e fazer com que as pessoas sejam manipuladas de maneira cada vez mais explícita, mudando o pensamento humano e promovendo o controle social e o pensamento único.
Como nos posicionarmos diante dessa realidade? Será que vamos ter a coragem de ir contra um sistema que tenta impor suas próprias regras? Vamos deixar que a mentira, amparada pelo poder político e econômico, se torne norma de conduta social que determine o decorrer da história?
A ética e a religião, especialmente o cristianismo, que prega o bem comum e a defesa dos pequenos e excluídos, devem ser instrumentos que ajudem a reagir diante dessa realidade. Uma mentira ao serviço do poder político e económico é algo que tem que nos levar a pensar. A liberdade que eles pretendem vender não é real, pois estamos diante de uma anomia, uma falta de leis que nunca leva pelo caminho que favorece a vida para todos.
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Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB