Editorial: Conhecer a Bíblia evita radicalismos

Por Luis Miguel Modino*

Conhecer sempre ajuda a tomar decisões melhores, a encontrar o caminho a seguir. A Bíblia é um elemento fundamental na vida dos cristãos, mas nem sempre é conhecida do jeito que deveria ser.

No Brasil, desde há 50 anos, a Igreja católica celebra todo mês de setembro o Mês da Bíblia, um tempo em que todos os católicos são chamados a aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus. Cada ano, um livro diferente, sempre visando aprofundar num texto que nos mostra o caminho de Deus.

No dia 30 de setembro, a Igreja católica celebra a festa de São Jerônimo, nascido no século IV, que poderia ser considerado como o primeiro grande apaixonado pela Bíblia na história da Igreja, traduzindo o texto bíblico ao latim. Na semana passada a Assembleia do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil insistia na necessidade de traduzir a Bíblia às línguas indígenas, algo que pode ajudar a compreender melhor o texto bíblico.

Entender e conhecer a Palavra de Deus ajuda a deixar para trás leituras literais do texto, o que muitas vezes leva a desfigurar a imagem de Deus, a se servir dele para sustentar projetos políticos, religiosos, econômicos, que nada tem a ver com a imagem do Deus bíblico, fomentando assim o fundamentalismo, uma atitude cada dia mais presente no meio de nós. Os falsos Messias sempre fizeram parte da história da humanidade, e de vez enquanto nos deparamos com personagens dessa laia.

Uma leitura literal da Bíblia incentiva os radicalismos, aumenta os enfrentamentos, fomenta atitudes violentas, divide as pessoas. São atitudes que não estão presentes na Bíblia, que promove a fraternidade e um projeto de vida em comum sustentado no Deus Criador e, sobretudo, no Deus Encarnado em Jesus Cristo, que entrega sua vida para a salvação de todos.

Quando a gente entende a Carta aos Gálatas, vemos como nela aparece o chamado à unidade, à caminhada em comum, a fazer realidade as palavras do Apóstolo em que nos lembra que “todos vós sois um só em Cristo Jesus”. Aí a gente entende que o texto bíblico perpassa a história, que aquilo que foi escrito quase dois mil anos atrás continua sendo atual.

Diante das tentativas de se aproveitar de Deus e de sua palavra para satisfazer interesses pessoais somos desafiados a promover um maior conhecimento da Bíblia, a estudar a Palavra para evitar cair em tentações que nos levam a nos afastarmos de Deus e dos outros.

Ouça:

*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB