Editorial: A irresponsabilidade mata

Se você está contagiado pelo coronavírus, o problema não é só seu, também é meu, porque estamos diante de um problema social, diante de uma pandemia que atinge à humanidade como um todo. Quando alguém não entende, ou não quer entender, que o nosso é um mundo globalizado, o momento atual é uma prova clara disso. Tudo ultrapassa as fronteiras, também aquilo que a gente não quer que chegue até nós.

Editorial por Luis Miguel Modino

Vivemos uma situação que pode ser definida como a maior crise mundial após a Segunda Guerra Mundial, que durante seis anos devastou o mundo e provocou graves consequências, que só foram subsanadas após décadas. Ainda tem muita gente que pensa que é uma situação normal, mais uma de tantas com as que a gente se depara no cotidiano, e que logo vai passar. Mas isso só vai acontecer se todo mundo, repito, todo mundo, agir com extrema responsabilidade.

Se você está contagiado pelo coronavírus, o problema não é só seu, também é meu, porque estamos diante de um problema social, diante de uma pandemia que atinge à humanidade como um todo. Quando alguém não entende, ou não quer entender, que o nosso é um mundo globalizado, o momento atual é uma prova clara disso. Tudo ultrapassa as fronteiras, também aquilo que a gente não quer que chegue até nós.

Na China, onde tudo começou, o 80% dos contágios foram de pessoas que não apresentaram sintomas, pois nem todo mundo os apresenta. Por isso, temos que agir com responsabilidade, evitar chegar perto dos outros, especialmente da população em risco, idosos e doentes crônicos. O contato físico não é o único jeito de mostrar proximidade, hoje temos meios para dizer que estamos próximos dos outros, começando por perguntar desde a janela da nossa casa como está o nosso vizinho.

O vírus se contagia pelo contato com uma pessoa portadora, mas também pelo contato com um objeto, onde, em alguns casos, o vírus pode permanecer durante vários dias. Se alguém que está contagiado, mesmo sem ter apresentado sintomas evidentes, tocou naquele objeto o deixou cair, simplesmente, uma gota de saliva quando falou, corremos o risco de nos contagiarmos, e o que é pior, de contagiar os outros, aqueles com quem a gente convive, as pessoas idosas, doentes, fragilizadas, que deveriam ser o grande tesouro da nossa sociedade.

A irresponsabilidade não tem justificativa e para quem tem fé é um grande pecado. Você é irresponsável quando, pudendo evitar algo, continua fazendo-o, quando com suas ações evitáveis propaga uma doença. Independentemente do lugar ou cargo que a gente ocupa na sociedade, cada um de nós tem que agir pensando nos outros, especialmente nos mais vulneráveis. O cuidado com a vida está, deveria estar, acima de tudo, e isso demanda responsabilidade de todos, demanda sermos humanos, sabendo que ajudar alguém que passa por dificuldades é o primeiro sinal de humanidade.

Entendamos que precisamos agir com rapidez e astucia, cada hora que passa é um tempo precioso que perdemos na tentativa de conter aquilo que já está no meio de nós. Somos desafiados a sermos precavidos, pois a precaução nesse momento, é um claro exemplo de responsabilidade, de cuidado com o outro.

Sigamos aquilo que Santo Inácio disse: “na doença, obedeçam aos médicos, enfermeiros, cientistas e autoridades como se obedecessem ao próprio Senhor”. Junto com isso rezemos, peçamos que Deus, sempre misericordioso, proteja toda a humanidade, especialmente os mais fracos, mas façamos essa oração no interior dos nossos corações, junto com aquele, que sem estar do nosso lado, está em comunhão espiritual.

Vamos descobrir a presença de Deus na proximidade com aqueles que fazem parte do nosso convivio cotidiano, vamos vivenciar nossa família como Igreja doméstica. Entendamos as palavras de Santa Teresa de Jesus, que nos diz que Deus está no meio das panelas, no cotidiano. Entendamos a importância de ficar em casa, de não sair na rua se não for estritamente necessário. Não duvide que Deus vem ao seu encontro, que para nos encontrarmos com Ele não precisamos sair de casa. Sejamos responsáveis, pois nossa irresponsabilidade mata.

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