Editorial por Luis Miguel Modino*
A fé cristã é vivida em comunidade, caminhando junto com os outros, uma dimensão presente nas comunidades eclesiais de base, que nesta semana estão realizando o 15º Intereclesial, com o tema: “CEBs, Igreja em saída na busca da vida plena para todos e todas”.
Em Rondonópolis (MT) se fazem presentes mais de 40 representantes das dioceses e prelazias que fazem parte do Regional Norte1 da CNBB. Junto com eles estão participando do 15º Intereclesial Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, e o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1.
Na Amazônia, as pequenas comunidades são fundamentais no processo evangelizador, comunidades que são expressão de uma Igreja em saída, de uma Igreja que busca vida plena para todos e todas. O desafio é fazer com que essa reflexão possa fazer parte do processo evangelizador nas Igrejas da Amazônia. Quando essa reflexão não é levada às bases estamos diante de mais um evento, que não ajuda no caminhar da Igreja que se faz presente nas bases.
Uma Igreja que quer viver a sinodalidade tem que ser uma Igreja onde o caminhar junto se torna uma necessidade e vão se dando os passos para que isso se torne uma realidade concreta na vida cotidiana das comunidades. Uma Igreja atenta à realidade, que olha o que acontece em volta, na vida das pessoas, e leva para essas pessoas, especialmente para os mais pobres e sofredores, uma proposta de vida, de cuidado.
O que fazer para ser próximos daqueles que mais sofrem? Como ser voz de Deus na sociedade atual? Como ter um olhar que enxerga a vida do povo que mais sofre e se preocupa em criar melhores condições de vida para essas pessoas? Como trazer para a vida da comunidade aquilo que faz parte da vida do povo?
Não podemos ser indiferentes diante daquilo que acontece do lado de fora de nossas comunidades. Seguindo o exemplo de Jesus somos desafiados a contemplar a realidade com o olhar de Deus, um olhar que atinge nosso coração de batizados e batizadas, mas também atinge a vida comunitária. Um olhar que nos faz mais empáticos com o que acontece em volta da gente, com o que acontece na vida do povo.
Ser Igreja em saída que busca vida plena para todos e todas tem que ser mais do que um lema, tem que ser uma atitude que nos compromete, que mexe com nossa vida, que nos converte e nos faz sair de nós, de nosso mundo fechado, inclusive como Igreja, que nos leva a não nos preocuparmos só com o que é nosso, mas também com o que é dos outros.
Uma Igreja que é missionária, que se preocupa com se fazer presente na vida de outras pessoas, evitando ser sempre os mesmos, um encontro após outro encontro, uma celebração atrás outra celebração, uma reunião atrás outra reunião. É tempo de agir, de olhar para fora, de enxergar o que muitas vezes não queremos ver, inclusive de querer ver aqueles que nunca foram enxergados.
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Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB