“O Sínodo para a Amazônia será um momento forte do pontificado do Papa Francisco e de toda a Igreja, e vai além de pensar o que será para o futuro. O Sínodo será um momento forte para todo o percurso que a Igreja quer realizar aqui na Pan-Amazônia (território que se estende por nove países). Situa-se no grande contexto mundial da grave e urgente crise ecológica e climática, apontada na COP21, ocorrida em Paris, no ano de 2015, quando se chegou a um acordo climático e estamos tentando realizar o que ali foi proposto como contribuição para enfrentar essa grande crise”, afirma o Cardeal Claudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), durante discurso realizado no Seminário sobre o sínodo e desenvolvimento sustentável realizado em Manaus, no dia 7 de março.
Segundo ele, é sabido que a Amazônia é um lugar privilegiado para a saúde do planeta, pois sem ela o planeta não terá condições de sobreviver, não será saudável e habitável. “A Amazônia é absolutamente necessária e precisa ser preservada, com sua floresta e suas águas, diante de uma grande discussão de como fazer isso e como desenvolver uma região dessas, mas sem derrubar a floresta e sem prejudicar as águas, num contexto milenar, onde os próprios indígenas, os povos originários sempre estiveram e hoje, de modo particular gritam por socorro”, destacou o cardeal, recordando as palavras do Papa Francisco proferidas em Puerto Maldonado, quando afirmou que a Amazônia e os povos indígenas nunca estiveram tão ameaçados, por haver uma grande busca de riquezas na Pan-Amazônia, com risco de degradá-la e destruí-la.
Afirmou ser o seminário “Sínodo da Amazônia: contribuições a partir do desenvolvimento sustentável” ser um espaço pra tratar sobre desenvolvimento sustentável, em como desenvolver sem derrubar a floresta, pois ela de pé pode trazer muito mais riquezas e futuro para o Planeta, do que sendo a floresta devastada e suas águas contaminadas.
“É tão importante o sínodo, pois se propõe a buscar novos caminhos para a igreja, mas tem repercussão para fora porque a igreja não está isolada, em uma redoma. A Igreja faz parte da Sociedade, e caminha com a sociedade. Novos caminhos para que a Igreja possa realizar a sua missão com melhores condições. O papa insiste que não devemos ter medo do novo e ficar acomodados com medo de sermos incomodados. Certamente não se trata de mudar a região politicamente, a igreja não tem essa pretensão e a soberania nacional será absolutamente preservada, como está. Visamos novos caminhos para a igreja e para uma ecologia integral aqui na Amazônia, onde tudo deve estar interligado”, destacou,
“Nós somos filhos desse planeta. Nós nascemos deste planeta, a nossa fé bíblica nos diz que Deus criou o homem a partir do barro e por isso somos filhos da terra, de parte da terra. E tudo isso se torna cada vez mais importante porque em uma ecologia integral no sentido de que não podemos tratar só do planeta sem tratar as questões da sociedade, da pobreza, enfim o grito do pobre no fundo é o mesmo grito do planeta, onde tudo está interligado. Como tratar uma região diante da ideia de que tudo está interligado? O que nós fazemos de mal ao planeta, fazemos de mal à população. A sociedade que está aí deve ser aquela que vai cuidar do seu território, mas queremos todos nós, juntos, ajudar a sociedade da Amazônia a cuidar desse planeta. Isso de fato é o que o sínodo pretende fazer”, concluiu o Cardeal Hummes.
Por: Ana Paula Gioia Lorenço
Foto: Ascom/Arquidiocese de Manaus