Bispo da Diocese de Parintins faz apelo de comunhão e solidariedade para a Campanha da Fraternidade

No Brasil, mais de 33 milhões de pessoas estão em situação de fome, conforme a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. A CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil propõe à Igreja e a todos os homens e mulheres, a Campanha da Fraternidade. No Brasil, a Campanha é um modo da igreja celebrar o tempo da Quaresma, com oração, jejum e caridade associado à reflexão e ação sobre um tema específico.

O Bispo da Diocese de Parintins, Dom José Albuquerque, ressaltou que a fome também é uma realidade na região amazônica. O bispo recordou que viver com dignidade é um direito e, como tal, deve ser garantida pelo Estado a todos os seus cidadãos.

A igreja católica realiza no Domingo de Ramos a Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade, Do total arrecadado, as dioceses enviam 40% ao Fundo Nacional de Solidariedade, gerido pela CNBB, ação responsável pelo atendimento a projetos sociais em todo território brasileiro. A outra parte, 60%, permanece nas dioceses para atender projetos locais, pelos respectivos Fundos Diocesanos de Solidariedade.

A problemática da fome sempre esteve presente em nosso país e se agravou com a pandemia da Covid 19. O tema foi escolhido por três vezes, nos anos de 1975, 1985 e 2023, com o objetivo de “sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo”.

A proposta é fazer a sociedade compreender o flagelo da fome e buscar meios de superar tal realidade. A Amazônia possui muitas riquezas, mas ela não gera riqueza, estando grande parte da população vivendo em pobreza e extrema pobreza, conforme o Diagnóstico Socioterritorial do Estado do Amazonas realizado pela SEAS – Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) sobre as condições de renda per capita da população no Amazonas, apontando que a maioria das famílias cadastradas encontram-se na faixa da extrema pobreza e a população do Amazonas vive em situação de insegurança alimentar (IA).

Os dados apontam que 27,5 % das pessoas no Amazonas vivem insegurança alimentar (IA) Leve, tendo uma alimentação diária, mas convivendo com a incerteza se terá alimento no futuro; outros 17% estão em IA Moderada, tendo que reduzir a quantidade de sua alimento, muitas vezes necessitando substituir itens pelos de baixo preço e inferior qualidade (embutidos), com prejuízos à saúde; e 26% da população vive em IA Grave, alimentando-se uma vez ao dia ou não se alimenta).

Para iluminar as ações diante do flagelo da fome que muitos irmãos sofrem, com a luz do Evangelho e do Magistério Eclesial, a Igreja Católica no Brasil, escolheu para lema desta Campanha da Fraternidade a leitura bíblica “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)”.

A campanha da fraternidade é um dos modos pelos quais o Brasil vive a Quaresma. A Quaresma dá o tom à campanha da fraternidade e a campanha da fraternidade ajuda a viver a Quaresma. A Quaresma é o convite para vencer esse pecado e superar essa situação. É por isso que, ao longo de quase seis décadas, a cada ano, a campanha da fraternidade apresenta para nós um tema que não é necessariamente um tema religioso. É um tema humano que diz respeito a todas as pessoas, independente do credo.