Ataques de morcegos em Barcelos podem ter causas ambientais, como seca e desmatamento

Técnicos do Ministério da Saúde e da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) seguem na prevenção e investigação dos casos de raiva, transmitida por morcegos, nas comunidades do rio Unini, zona rural do município de Barcelos, a 405 quilômetros da capital amazonense. Uma das linhas de investigação aponta para causas ambientais, como seca e o desmatamento, que podem ter provocado a mudança de comportamento dos morcegos, que passaram a atacar pessoas, quando o normal é se alimentarem de sangue de animais. 

Entre as atividades desenvolvidas na área estão a capacitação dos agentes comunitários em educação em saúde e a realização de inquéritos domiciliares. Os inquéritos são para identificar o perfil e os hábitos das pessoas agredidas, como por exemplo, tipo de moradias, presença ou não de animais domésticos e outros aspectos relevantes para o estudo. Os técnicos também estão realizando novas coletas de morcegos, para análise e aplicação da pasta vampiricida para eliminação de colônias remanescentes. 

De acordo com os dados preliminares da Secretaria Municipal de Barcelos (Semsa), a imunização das pessoas sem histórico de agressão por morcegos iniciou ainda na segunda-feira (04/12) e deve terminar até final de dezembro, respeitando o tempo de intervalo de aplicação de três doses. Ao todo, cerca de 257 pessoas não agredidas farão o esquema de pré-exposição preventiva autorizado pelo Ministério da Saúde. Foram identificados na área 624 moradores, dos quais 367 foram agredidos e já iniciaram a sorovacinação. 

Vacinação de animais

Segundo o médico-veterinário da FVS-AM, Normélio Reinehr, que encontra-se no rio Unini, todos os animais domésticos foram vacinados contra raiva. “Desde a última visita da equipe técnica, os comunitários relataram que não houve mais ataques por morcegos, o que pode significar que as medidas de controle populacional dos morcegos, realizados pela FVS, começam a surtir efeito. No entanto, a equipe segue analisando os fatores ambientais, como seca intensa dos rios, queimadas e desmatamento, que possam ter provocado a mudança de comportamento e as agressões a humanos”, revelou. 

Normélio explica que é preciso entender o que levou ao deslocamento desses morcegos às proximidades das residências e às intensificações das agressões. “Os morcegos preferem se alimentar de animais, porém, as causas ambientais podem gerar essa mudança de hábito”, explicou. 

Atuação nas Reservas

A equipe de Resposta Rápida para enfrentamento de Surto da FVS, coordenada pela diretora técnica da FVS, Rosemary Costa Pinto, reuniu-se com os representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Secretaria de Produção Rural (Sepror), Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf) e Instituto Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam), na quarta-feira (06/12), com objetivo de estabelecer estratégias para atuação conjunta nas ações de controle a serem realizadas nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) sob responsabilidade do estado. 

A Adaf informou, na ocasião, que será realizada, a partir da próxima semana, a vacinação dos bovinos, em Novo Airão e Barcelos. Ainda sobre a reunião, ficou acordado entres as instituições que a FVS irá realizar capacitação técnica em captura e controle de morcegos hematófagos dos profissionais destas instituições. Os agentes ambientes também serão treinados em ações de saúde e mobilização social, com distribuição de materiais educativos para as populações expostas.

Com informações da Assessoria

Foto: Divulgação/Susam