Assembleia da CNBB: estar on-line para enxergar o sofrimento do povo

Editorial Por Luis Miguel Modino*

Uma Igreja atenta a tudo o que acontece na vida do povo, que tenta ter uma palavra que ajuda a superar o sofrimento e construir novos caminhos de vida para o futuro. Nesta semana, de 12 a 16 de abril, está acontecendo a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Desta vez, a grande novidade é que está sendo 100% virtual.

O grande desafio da nossa Igreja é estar on-line, atentos a tantas situações que provocam dor e sofrimento, especialmente nos mais pobres, naqueles que a sociedade descarta. A pandemia da Covid-19, tem mostrado que no Brasil existem muitas pandemias, muitas situações de morte, que devem ser superadas. O empenho daqueles que nos dizemos cristãos tem que ser decisivo nessa luta para fazer realidade o Reino de Deus, um mundo melhor para todos e todas.

Somos desafiados a nos envolvermos na construção da sociedade do futuro, que de modo nenhum pode voltar àquilo que é chamado de normalidade, de velha normalidade. O futuro tem que ser construído a partir de novas visões, sustentadas em sentimentos de fraternidade, que não compactuam com tudo aquilo que é sinal de morte, de falta de respeito pela Vida, pelos ser humano, pela Natureza, por tudo o que habita nosso planeta Terra.

Como falava Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara, aqui no Amazonas, na coletiva de imprensa desta terça-feira, com motivo da Assembleia Geral da CNBB, seguindo as palavras do Papa Francisco, “a humanidade é pisoteada por esse vírus e por tantos outros vírus que nós ajudamos a crescer”. Ele relatava elementos que mostram a situação que o Brasil e a Amazônia vivem em consequência da pandemia. Não podemos esquecer que estamos vivendo nos últimos meses o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil. Isso não pode nos deixar indiferentes, agora é momento de solidariedade, mas depois deve ser tempo de manifestação de indignação, dizia Dom Ionilton, lembrando que o Papa Francisco nos chama a não nos deixar anestesiar nossa consciência social.

A fé é compromisso, nos diz uma música que a gente canta nas celebrações, o que tem que nos levar a cuidar dos direitos humanos, das políticas públicas, a conhecer, assimilar e praticar a Doutrina Social da Igreja, a ser uma Igreja em saída que vai ao encontro daqueles que estão jogados na beira do caminho.

Ouça:

*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB