Frascos pequenos no tamanho, e grandes no significado do conteúdo, com a função de salvar vidas. Assim são as vacinas contra a covid-19, que há exatamente 1 ano começaram a ser aplicadas no Amazonas.
A técnica de enfermagem e indígena Vanda Ortega foi a primeira amazonense a ser imunizada contra a doença. Vanda é referência também por desenvolver estudos sobre povos indígenas, covid-19 e vacinação. Para ela, receber a dose de esperança, naquele momento, representou uma conquista única, em meio a tanta dor, causada pela pandemia.
“A vacina naquele momento representou a manutenção e a garantia da vida dos nossos povos, especialmente o smais velhos. Nossos anciãos. Poder ter vacina certamente garantiu a vida. Acredito muito na ciência e no poder que a vacina tem de diminuir a letalidade do vírus, a força do vírus. Ainda é o meio mais eficaz de evitar a morte e os casos graves da doença”, disse.
Na época, o estado passava pelo segundo pico da doença, e quatro dias antes, sofria com a falta de oxigênio nos hospitais. Houve corrida pela chegada da vacina, e muitos morreram em decorrência do coronavírus, sem ter a chance de receber o imunizante.
A vacinação iniciou por grupos prioritários. Primeiro, foram vacinados os trabalhadores da saúde, idosos, pessoas com deficiência e indígenas em terras próprias. Existia um cronograma a ser seguido, uma ordem, que foi desrespeitada.
Médicos e servidores foram alvo de investigação do Ministério Público do Amazonas por suspeita de terem furado a fila, recebendo o imunizante sem estar nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A situação gerou caos e atrasou a campanha de vacinação. Isso porque durante o início da imunizaão, o Amazonas ainda enfrentava a segunda onda da doença, e recebia ajuda de outros estados, mas diante da situação, essa ajuda foi cancelada. O estado de São Paulo que tinha prometido enviar doses de vacina, desistiu do envio.
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O ato repercutiu de forma negativa em nível nacional, gerando revolta na população. A advogada especialista em direito contemporâneo Jocineia Janardini explicou as consequências.
“Há uma implicação do ponto de vista jurídico para quem fura a fila da vacina. Em primeiro lugar, a vacina é ujm bem público. Ela foi comprada com dinheiro público. Quem desvia da destinação que ela deve ter, pode ser responsabilizado em três esferas: civel, criminial e na esfera penal. Poderá sofrer ressarcimento do valor integral da vacina, suspensão dos direitos políticos, multa, proibição de contratar com o poder público ou de receber qualquer tipo de benefício”, explicou.
Em meio ao caos, a fila continuou. E a esperança era mantida viva no coração da população.bA exemplo disso, tem a dona Judith Santarém. Hoje com 102 anos, já completou o ciclo vacinal, iniciado no ano passado.
“Eu peguei esse vírus, mas me recuperei. Já tomei as três doses da vacina, a primeira, segunda e a terceira dose, já me vacinei”, lembrou.
O pedagogo Vital Melo também é um exemplo de força e determinação. Para comemorar a chegada da vacinação ao estado e ao grupo que pertence, ele fez até uma tatuagem com o símbolo da vacina no braço esquerdo. Agora, com as três doses recebidas do imunizante, não disfarça a alegria.
“Espero que a gente possa em breve voltar à normalidade ou o mais próximo disso. Também espero que esse meu exemplo, não de fazer tatuagem, mas o ato de ir até um posto de vacina e receber a sua dose se torne algo a ser seguido. Vacinem-se, vamos valorizar o esforço da ciência. É uma vacina para salvar vidas”, lembrou.
Atualmente, o Amazonas possui mais de 5 milhões de doses de vacina aplicadas contra a covid-19. E possui vacinas para todos, desde às crianças de 5 anos de idade, até os mais velhos, e para todos os grupos. Apesar disso, muita gente ainda tem medo ou não se vacinou. Só em Manaus, mais de 260 mil pessoas estão atrasadas para tomar a segunda dose do imunizante. O infectologista Nelson Barbosa avalia que são justamente essas pessoas que atrasam o fim da pandemia.
“Analisando a pandemia hoje e comparando com o ano passado, nós estamos vendo os casos aumentarem, mas isso não está resultando em internações e aumento de óbitos, felizmente. Esse resultado é justamente por conta da vacina. Esta onda é a onda dos vacinados. Quem está internado hoje em dia, a maioria são as pessoas que não se vacinaram ou estão com o esquema vacinal incompleto”, ressaltou.
A ciência e os dados comprovam: a vacina é eficaz contra o coronavírus. Nesta terça-feira (18), o Amazonas completa um ano desde o início da campanha da imunização, com vidas salvas, mas a luta contra a doença ainda não terminou. Por isso, compareça a um dos postos de vacinação e faça a sua parte.
Rebeca Beatriz – Rádio Rio Mar