A barbárie nunca pode ser o caminho a seguir

“Deixar crescer o clima de ódio consequência de polarizações, só pode conduzir a consequências nefastas para o conjunto da sociedade brasileira. Se faz necessário uma educação para a fraternidade e o diálogo e aí as igrejas deveriam desempenhar um papel fundamental”.

Por Luis Miguel Modino*

grito pela vidaEscolher a barbárie como caminho para construir o futuro de uma nação nunca pode ser a alternativa certa. O acontecido em Brasília no último domingo, é fruto de tudo o que foi plantado durante os últimos anos, especialmente durante os últimos meses, ao longo da campanha eleitoral e no tempo depois da eleição encerrada no dia 30 de outubro de 2022, de uma polarização que tem se transformado em violência extrema.

A invasão da sede dos três poderes da República só pode provocar um sentimento de tristeza e indignação, quem apoia e incentiva esse tipo de atos, ainda mais com as gravíssimas consequências que isso teve para o patrimônio nacional, só pode ser visto como alguém que precisa de acompanhamento psiquiátrico. Não é possível aceitar esse tipo de atos vandálicos sob nenhum tipo de hipótese, pois isso mostra a incivilidade dessas pessoas que de jeito nenhum podem ser vistos como cidadãos e cidadãs, mesmo que muitos deles se apresentem como gente de bem.

A sociedade brasileira precisa reagir com firmeza diante desses fatos, é algo que vai além do poder público, são os brasileiros e brasileiras que devem se posicionar e desde a união escolher o país que querem construir, mostrando assim o que significam as instituições democráticas.

A maior força numa sociedade é o diálogo, daí a necessidade de procurar instrumentos que garantam a convivência pacífica e o respeito por aqueles que pensam diferente, que nunca podem ser vistos como inimigos só pelo fato de ter posturas divergentes. O acontecido em Brasília no último domingo é algo que se repete em menor escala nos diferentes níveis da sociedade brasileira, e isso é inaceitável.

O Brasil não pode renunciar a um sistema democrático que ajudou a superar uma ditadura onde as imposições se tornaram comuns, algo que hoje a grande maioria do povo brasileiro não está disposto aceitar. Independentemente de ideologias, a democracia deve ser algo inegociável, um princípio intocável para o povo brasileiro.

Deixar crescer o clima de ódio consequência de polarizações, só pode conduzir a consequências nefastas para o conjunto da sociedade brasileira. Se faz necessário uma educação para a fraternidade e o diálogo e aí as igrejas deveriam desempenhar um papel fundamental.

Infelizmente, pessoas que se dizem “cristãs” e coloco cristãs entre aspas, apoiam e justificam o acontecido em Brasília no último domingo. Ser cristão implica ser cidadão, se comprometer com a paz, olhar para o outro desde um sentimento fraterno que nos leva a poder caminhar juntos, mesmo com as divergências presentes em cada pessoa humana. Não nos deixemos conduzir por aqueles que usam o nome de Deus em vão, que se servem da religião cristã para favorecer projetos de morte e destruição.

Não escutemos aqueles que desde a distância agem com covardia e não aceitam a vontade da maioria. É tempo de desmascarar os violentos e apostar num futuro de paz e fraternidade a exemplo daquele que chamamos o Príncipe da Paz.

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*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 do CNBB