“Ser seguidor, ser discípulo, é imitar o agir, superando as palavras que nem sempre comprometem. Com certeza, cada um, cada uma de nós tem por perto ou vai se deparar nos próximos dias com pessoas que precisam da nossa solidariedade”.
Por Pe. Luis Miguel Modino*
Solidariedade é um sentimento presente na vida de muita gente, mas o desafio é que se torne uma atitude, um modo de olhar a realidade e sobretudo olhar as pessoas. Natal é um tempo em que essa solidariedade parece transparecer ainda mais.
O fato de lembrar o Deus que se aproxima de nós, que se faz carne, se faz gente, vai nos tornando pessoas em maior sintonia com aqueles que fazem parte da nossa história.
O Deus cristão não é um Deus alheio, indiferente diante do sofrimento do povo. A compaixão, a misericórdia, que podem ser consideradas modos de viver a solidariedade desde uma perspectiva de fé, fazem parte do mais íntimo de Deus, habitam seu coração. Por isso, quem celebra o Natal do Senhor, quem faz memória do Mistério da Encarnação tem que assumir essa compaixão, essa misericórdia como algo marcante em seu dia a dia.
Um Deus que cuida, que cura as feridas, que ajuda a se levantar a quem a vida foi deixando jogado no chão, que não olha para o outro lado diante do sofrimento do seu povo, seja quem for. Um Deus próximo, que se senta ao nosso lado e escuta nossa voz, que se interessa por aquilo que faz parte da vida da humanidade, da vida de cada um dos seus filhos e filhos. Um Deus que cuida como um Pai, como uma Mãe, sempre atenta ao que aconteceu com sua descendência.
Dizer que nós temos fé em Deus, celebrar o Natal, tem que nos levar a cuidar, curar, levantar, olhar, seguindo o exemplo D´Ele. Ser seguidor, ser discípulo, é imitar o agir, superando as palavras que nem sempre comprometem. Com certeza, cada um, cada uma de nós tem por perto ou vai se deparar nos próximos dias com pessoas que precisam da nossa solidariedade.
Como a gente reage diante dessas pessoas? Como nós concretizamos os sentimentos de solidariedade? Como fazer que a misericórdia e a compaixão de Deus se tornem uma realidade na vida dos mais necessitados a través de cada um, de cada uma de nós? Como mudar o individualismo que nos torna insensíveis diante dos outros e nos leva a não querer enxergar o sofrimento de tantos homens e mulheres com quem a gente se depara nos caminhos da vida?
Estamos a dez dias de comemorar o Natal, um tempo em que a gente pode aproveitar para sentir a necessidade de encontrar caminhos que nos levem a concretizar o sentimento de solidariedade e atitudes de compaixão e misericórdia. Sentir essa necessidade vai fazer com que Deus continue nascendo na vida dos pequenos, dos pobres, do mesmo jeito que Ele fez mais de dois mil anos atrás.
Não deixemos passar as oportunidades que a vida vai nos dando para poder fazer realidade um mundo melhor para todos e todas. É para isso que Ele se fez gente e quer continuar se encarnando em cada um e cada uma de nós. É ele que vem, não opaquemos sua presença na vida do povo, na vida dos pobres e pequenos, daqueles que precisam de sua presença salvadora.