Uma Audiência Pública realizada pela Defensoria Pública do Amazonas expôs casos de violência obstétrica ocorridos no Hospital Regional José Mendes, em Itacoatiara, nessa quarta-feira (24). Com a iniciativa que reuniu mais de 100 pessoas, a instituição cobra providências contra a violência física e verbal contra as mulheres.
A defensora pública Gabriela Gonçalves, que atua no Polo Médio Amazonas, em Itacoatiara, coordenou a audiência e declarou que foram constatadas falhas na unidade de saúde.
“No nosso sentir, é a violência mais contundente contra a mulher. É aquela violência que a mulher sofre tanto física quanto mentalmente, verbalmente no período do pré-parto, parto e pós parto. Realizamos uma inspeção que contém a maternidade e diagnosticamos falhas, situações que devem ser melhoradas”, contou a defensora.
Foram convidados mulheres e familiares, que deram depoimentos de como ocorreram as agressões. Uma jovem de 24 anos contou que fui dopada e estuprada enquanto estava grávida dentro do hospital e ainda tem trauma de ir à unidade.
A direção do Hospital Regional José Mendes respondeu aos casos citados individualmente e informou que está tomando as providências cabíveis. Já a Secretaria Municipal de Saúde reconheceu que há dificuldades, mas disse que mudanças têm sido implementadas para melhorar o atendimento na unidade hospitalar.
A representante do Humaniza Coletivo Feminista, Marília Freire, declarou que a violência obstétrica é sistemática no Amazonas e maioria das mulheres que morreram decorrente dessa prática eram pardas e tinham de 20 a 29 anos. Ela chamou atenção para o fato que “é extremante difícil punir profissionais da saúde que cometem violência obstétrica” e dificilmente eles participam dos debates.
Durante audiência, foi renovada a cooperação técnica entre instituições federais, estaduais, municipais e da sociedade civil para combater a violência obstétrica no Amazonas.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar