Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: um novo jeito de fazer Igreja

Pensamentos diferentes ajudam a chegar mais longe, a vislumbrar com maior facilidade novas possibilidades. Essa é uma reflexão que todos nós somos chamados a fazer, também como sociedade. Diante de polarizações que não levam a nada, que enfraquecem o tecido social e eclesial, somos chamados a fazer e assumir propostas e modos de fazer as coisas diferentes. Não podemos continuar incentivando divisões e enfrentamentos se queremos fazer realidade um futuro melhor.

Editorial por Luis Miguel Modino*

A poucos dias da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que será realizada de 21 a 28 de novembro, podemos dizer que estamos diante de um novo jeito de fazer as coisas na Igreja, de um claro exemplo de sinodalidade.

Nunca na história da Igreja aconteceu uma assembleia em nível continental onde leigos e leigas, vida religiosa, sacerdotes e bispos, participem de um momento em que juntos, de igual para igual, possam discernir novos caminhos para a Igreja. Ainda mais, uma assembleia que acontece de modo presencial e virtual, mas que como foi enfatizado várias vezes, todos participam em igualdade de condições na hora de poder se expressar.

Serão mais mil os participantes, e a grande novidade é que a maior porcentagem, 40 por cento dos assembleistas, são leigos e leigas. O Concilio Vaticano II insistiu numa Igreja Povo de Deus, constituída a partir do Batismo, e depois de mais de 50 anos nos deparamos com um evento eclesial onde isso quer se concretizar na prática. Sabemos que o desafio é grande, fruto de resistências tradicionalmente presentes na vida da Igreja, mas os caminhos que podem nascer são motivo de grande esperança.

A sociedade, também a Igreja, ao longo da história tem se organizado de um modo piramidal. Passar desse modelo social e eclesial a um modelo circular, sinodal, onde a divisão seja substituída pela união, resulta um desafio. O ser humano tem dificuldade para se relacionar de igual para igual com quem é diferente, com quem pensa diferente. Custa entender que as diferenças oferecem possibilidades de enriquecimento pessoal, mas também comunitário.

Pensamentos diferentes ajudam a chegar mais longe, a vislumbrar com maior facilidade novas possibilidades. Essa é uma reflexão que todos nós somos chamados a fazer, também como sociedade. Diante de polarizações que não levam a nada, que enfraquecem o tecido social e eclesial, somos chamados a fazer e assumir propostas e modos de fazer as coisas diferentes. Não podemos continuar incentivando divisões e enfrentamentos se queremos fazer realidade um futuro melhor.

Essas novas práticas, cada dia mais urgentes e necessárias, se tornam um reto para o futuro da humanidade, para sermos sociedade e Igreja. Ou caminhamos juntos, ou a cada dia vamos sofrer as consequências da divisão e do enfrentamento. Juntos somos mais e podemos gerar perspectivas melhores, que ajudem a incentivar um nós coletivo e deixar para trás os egos que, mesmo pensando que nos fazem ser mais, na verdade nos tornam menores.

É tempo de apostar pela unidade, pelo cuidado mutuo, pela felicidade para todos e todas. Superemos aquilo que nos afasta dos outros e reconheçamos todo o que de positivo existe no outro. É tempo de caminhar juntos, de sinodalidade, de apostar em um novo jeito de fazer as coisas na Igreja e na sociedade.

Ouça: 

*MISSIONÁRIO ESPANHOL E ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO DO REGIONAL NORTE 1 DA CNBB