A motocicleta é o segundo veículo mais utilizado em Manaus, mas uma linha quase invisível faz com que o tráfego seja extremamente arriscado. Motociclistas são os mais afetados pela linha de papagaio com cerol ou a linha chilena, ainda mais perigosa. Um entregador de 20 anos morreu na última quarta-feira (04) na Alameda Cosme Ferreira após ser atingido no pescoço por uma linha chilena, enquanto saía para trabalhar. Daniel da Silva Rodrigues deixou a esposa E um bebê de três meses.
Em Manaus, uma lei municipal de 2015 proíbe a venda e o uso do cerol, que é a mistura de cola e vidro moído, linha chilena de óxido de alumínio e silício, ou de qualquer material cortante usado para soltar papagaios. A ação só é permitida em áreas estabelecidas pelo Poder Público Municipal. O problema é que não há um órgão fiscalizador, como cobra o Mizael Oliveira subdiretor dos “Insanos Motoclube” de Manaus.
“Infelizmente, essa lei não é colocada em prática, não tem ninguém que faça uma fiscalização em relação à isso. A gente vê que, depois da lei sancionada, as coisas não mudaram em nada. Não temos um espaço para que as pessoas soltem papagaio sem atrapalhar a vida de ninguém”, diz.
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No ano passado, motociclistas fizeram uma campanha para cobrar que alguém fiscalize o uso de cerol, mas não surtiu efeito. O especialista em perícia de trânsito Haniery Mendonça cobra punição dos responsáveis e orienta que os motociclistas usem a antena corta pipa como prevenção. “Sempre devem seguir as orientações estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito. Eles devem utilizar a antena corta pipa, que protege e evita algum tipo de corte no pescoço”, conta.
O motociclista que atua profissionalmente como motofrentista, mototaxista ou motoboy precisa, obrigatoriamente, utilizar os equipamentos de segurança, como o chamado mata cachorro, colete refletivo e antena. Não é crime soltar papagaio, mas há consequências para os casos em que a prática ocasionar lesões em outras pessoas. A morte de Daniel é investigada pelo 9º Distrito Integrado de Polícia.
Falta espaço adequado
A orientação é que a população brinque de papagaio em área aberta, sem a presença de fiação elétrica, mas é comum ver crianças e adultos em avenidas e uma grande quantidade na área do sambódromo. A assessoria do subsecretário municipal de juventude, esporte e lazer de Manaus, Platiny Soares, informou que não há um local específico e não existe nenhum projeto para tal.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar
Foto: José Rocha / CMM