Editorial: Ter um coração semelhante a Jesus e Maria para superar a violência

Editorial Por Luis Miguel Modino*

“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso”. Essa é uma das jaculatórias que o povo reza ao Sagrado Coração de Jesus, festa que será comemorada nesta sexta-feira. A pergunta que deveria surgir em nosso interior, no coração de cada um e cada uma dos batizados e batizadas, é aquela que nos leva e a encontrar no coração de Jesus os caminhos que ajudam a superar a violência.

Diante da violência cada vez mais presente no meio de nós, de uma sociedade que perdeu o controle social, onde alguns querem impor a própria lei, somos chamados a refletir. No final das contas a nossa oração, quando não e traduzida em atitudes concretas, pode se tornar alienada.

Reconhecer nossas virtudes e defeitos, ter os pés no chão, sermos humildes, é caminho para assumir a mansidão como estilo de vida. Ser manso é uma atitude que ajuda aqueles que temos em volta a entender a vida desde uma perspectiva diferente. Os sentimentos coletivos é algo a ser construído entre todos. Como cristãos não podemos deixar que a violência se imponha como algo assumido como normal e que não pode ser evitado. Para um cristão, dizer não a todas as manifestações de violência é uma consequência prática de sua fé.

A Solenidade do Coração de Jesus está unida na liturgia católica à festa do Imaculado Coração de Maria. São dois corações que batem ao uníssono, o que deve ser um chamado a bater em harmonia com eles, a espalhar sentimentos que deixem para trás um clima de enfrentamento, de ódio, muitas vezes impulsado por aqueles que deveriam promover a paz e a fraternidade entre as pessoas e os povos.

Enquanto o Coração de Jesus e de Maria provocam sentimentos de alegria, de ternura, aqueles que promovem a violência, geram sentimentos de medo. Quando a gente tem medo procura ficar distante e vê os outros como inimigos dos quais temos que nos defender, a qualquer preço, inclusive utilizando e justificando métodos violentos, que acabam gerando uma violência ainda maior.

Como é o nosso discurso? Como a gente se relaciona com outros, também com aqueles que encontra por acaso? Qual é a nossa reação diante daqueles que são violentos, que promovem a violência? Quais são os passos que a gente dá para superar essas situações de violência com as que a gente se depara?

As perguntas sempre nos levam a procurar respostas, a encontrar caminhos que ajudam, a nós e aos outros, a superar situações que nos desagradam. De cada um e cada uma de nós depende fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, onde os sentimentos do Coração de Jesus e Maria não seja algo que fica só na oração, só no plano do pensamento, e possa se transformar em novos jeitos de nos relacionarmos com os outros.

Nunca esqueçamos que o nosso Deus, é um Deus encarnado, um Deus que não fica distante e sim que acompanha o cotidiano do seu povo. Os sentimentos sempre serão melhores quando a gente conseguir transforma-los em atitudes, em formas de entender a vida que superam toda situação de violência.

Ouça:

*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB