O incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros poderá ser controlado até este final de semana, segundo expectativa das brigadas que atuam combatendo o fogo no local. Hoje (25), representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de bombeiros do Distrito Federal e de Goiás e voluntários receberam a visita dos ministros do Meio Ambiente, Marcelo Cruz e da Defesa, Raul Jungmann.
Ao ser questionado se há previsão do controle das chamas, o coordenador de Prevenção e Comabate a Incêndios do ICMBio, Christian Berlinck, disse que há a possibilidade de controle até este final de semana, mas que as condições são imprevisíveis. O combate ao fogo no local é dificultado pela chamada reignação. Mesmo após as chamas desaparecerem, as altas temperaturas e o vento fazem com o que o fogo retorne em várias localidades e as equipes precisam refazer o trabalho.
Berlinck esclarece também que controlado não siginfica extinto e que é necessário ainda um trabalho pós-fogo para que ele não retorne. Segundo o coordenador, os equipamentos e o pessoal que hoje está atuando no combate direto, cerca de 200 pessoas, são suficientes. “Não adianta ter 40 pessoas atuando no mesmo local, elas ficarão muito próximas e terão a eficiência de 20 pessoas”.
Segundo a força-tarefa, é importante que os esforços empregados continuem mesmo após o controle e extinção do fogo, quando serão necessário também recursos para a recuperação, atendimento de animais, entre outras ações.
Um avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) reforça, desde ontem (24), o combate às chamas. A aeronave é equipada com um sistema de combate a incêndio constituído de dois tubos em sua porta traseira que, a uma altitude de cerca de 45 metros, podem despejar água nas áreas em chamas.
A aeronave, que pode carregar 12 mil litros de água de uma vez, hoje fez quatro viagens, totalizando cerca de 50 mil litros jogados em áreas tomadas pelo fogo. “A cada dia a missão muda, o posicionamento, a coordenada do local vai modificar. A distância vai determinar o nosso número de saídas”, explicou o capitão aviador Douglas Lopes, comandante da operação da FAB.
Incêndio criminoso
Pela análise da propagação e do surgimento dos focos de incêndio, há fortes hipóteses de que o fogo tenha sido colocado propositalmente. “Se exitem suspeitas, tem que ser investigado, é crime federal, é crime contra o meio ambiente. Os culpados têm que ser punidos e postos na cadeia, até para dar exemplo que meio ambiente não se destrói, meio ambiente se cuida e se preserva”, diz Jungmann.
O ministro do Meio Ambiente, Marcelo Cruz, diz que a pasta já solicitou ao Ministério da Justiça uma investigação por parte da Polícia Federal. “A Polícia Federal tem que entrar, por dever de ofício. Eles têm que fazer por uma incumbência institucional [uma vez que o parque é uma reserva federal]. A gente só reiterou o pedido diante da magnitude do evento.
Este é o maior incêndio de toda a história do Parque Nacional. Mais de 60 mil hectares já foram atingidos pelo fogo.
Devido a importância de sua biodiversidade, a unidade de conservação foi ampliada em junho e de 65 mil hectares passou a ter 240 mil. O parque é refúgio de espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas (só existem no local), como o cervo-do-pantanal, lobo-guará, pato-mergulhão e a onça-pintada, maior mamífero carnívoro da América do Sul.
O Parque Nacional foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2001.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil