Nessa quinta-feira (19), terminou a Assembleia Regional Norte1 que reuniu na Maromba, 80 representantes das igrejas locais, pastorais e organismos para refletir a partir do tema “Igreja Sinodal que caminha na Esperança”.
Segundo o bispo de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo, na celebração eucarística de ontem (19), “o farisaísmo se tornou sinônimo de hipocrisia, os mais religiosos se tornaram sinônimo de gente prepotente”, sendo criticados por Jesus diante de sua atitude para com a mulher, que “é cidadã e na Igreja, ela é protagonista”. O bispo pediu para a coordenadora da Conferência dos Religiosos no Regional Norte1, Ir. Gervis Monteiro, comentar a Palavra.
Analisando a passagem do Evangelho, a religiosa destacou que a mulher não tem nome, uma mulher que ouviu falar que Jesus tinha sido convidado na casa de um fariseu. Ela destacou, querendo fazer um paralelo com a Assembleia Regional e a reflexão sobre a ministerialidade, que “a mulher vem por trás e ela traz o perfume, ela se coloca aos pés de Jesus”, destacando a grande sensibilidade de Jesus, “o olhar de Jesus, a acolhida de Jesus para com a mulher”, questionando como tornar visível aquilo que as mulheres fazem hoje na Igreja.
Independentemente do ministério que cada um assume na Igreja, no Regional Norte1, se percebem elementos comuns a todos e todas, especialmente naquilo que tem a ver com a presença das mulheres em espaços de decisão, inclusive entre os bispos, que reafirmam a necessidade de que as mulheres sejam reconhecidas a partir das comunidades e da Igreja local.
Na vida da Igreja da Amazônia e do Regional Norte1 sempre teve um papel decisivo a Vida Religiosa, com congregações que estão presentes de forma continuada por mais de um século. A Vida Religiosa, representada na Assembleia por alguns e algumas provinciais, é desafiada a continuar caminhando em comunhão e assumir os processos da Igreja no Regional. Vida Religiosa que soma no exercício da missionariedade em seus diversos elementos, fortalecendo as forças evangelizadoras nas igrejas locais, abraçando a missão.
Tendo como fundamento que a Igreja toda ela é ministerial, os assessores da assembleia, Pe. Raimundo Gordiano, Ir. Sônia Matos e Pe. Elcivan Alencar, insistiram em que os dons vêm do Espírito e a organização parte do povo. Daí a importância de destacar que os ministérios são confiados a partir do batismo, e que os dons, carismas e ministérios são assumidos como vocação.
Ser Igreja missionária, ministerial e sinodal, faz parte da identidade da Igreja do Regional Norte1, uma dinâmica presente desde o Encontro de Santarém, em 1972. Uma Igreja com ressonância na vida social, que ainda tem muitos passos a serem traçados, pensados e assumidos. Os ministérios não podem nascer de cima para baixo, é por isso que antes de instituir, vale a pena continuar o processo de formação e tomada de consciência com relação à ministerialidade.
Para percorrer esse caminho é importante ter clareza nos conteúdos, e se faz necessário reconhecer as atividades que são realizadas pelas mulheres, que são expressões de ministerialidade, insistindo em que o exercício da ministerialidade não é status, mas reconhecimento e mudança paradigmática. Para avançar na ministerialidade, as igrejas locais têm que investir em formação do laicato, pois enquanto isso não acontecer teremos uma Igreja de suplentes.
Para avançar são propostos alguns caminhos, que tem a ver com a formação, dos seminaristas, do clero e a vida religiosa, das lideranças leigas; com a mulher, para quem se insiste em inclui-la nos espaços de decisão e serem instituídas nos ministérios; e com a vida e a casa comum, assumindo a consolação, a causa indígena, a interculturalidade e a defesa da territorialidade, a ecologia integral. As luzes para avançar nesses caminhos são a sinodalidade, a ministerialidade, as conclusões do Encontro de Santarém 2022, que insistiu na espiritualidade encarnada e libertadora.
Fonte: Regional Norte1
Fotos: Divulgação