O Amazonas apresentou, pela primeira vez na série histórica, a maior taxa de homicídios da região Norte (43,5) e a segunda maior do Brasil. Os dados são do Atlas da Violência 2024, divulgados nessa terça-feira (18), pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Os municípios que elevaram essa taxa foram Iranduba (98,1) e Coari (83,6) e Tabatinga (95,9), no Alto Solimões. O Rio Solimões é estratégico na rota do tráfico de drogas, por escoar o entorpecente produzido no Peru e na Bolívia, sendo disputado pelas facções criminosas locais e internacionais. Porém as cidades mais visadas são Coari, Tefé (27,1) e Itacoatiara (34,7), que, assim como Manaus, recebe navios que se deslocam para o exterior.
O Atlas 2024 também aponta que a capital amazonense tem importância no tráfico de drogas pela infraestrutura, sendo disputada pelas facções CV, que controla a grande maioria dos bairros, Família do Norte, Cartel do Norte e, em menor quantidade, o PCC. Além do narcotráfico, o Estado sofre com a combinação desse crime com outros como tráfico de armas, grilagem de terra, exploração ilegal de madeira e minérios, lavagem de dinheiro, trabalho análogo à escravidão, exploração sexual, invasão de terras indígenas e diversos crimes ambientais. O ano de 2022 foi marcado pelos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips em Atalaia do Norte, na tríplice fronteira.
Ainda segundo os dados, no Norte, há a atuação de pelo menos dez organizações criminosas internacionais nas áreas de fronteira, que atuam em conjunto com os grupos brasileiros e em outras vezes disputam rotas e territórios.
O PCC tem atuação na Bolívia, na Guiana, na Guiana Francesa, no Suriname e na Venezuela. Já o CV tem presença registrada no Peru e na Bolívia. Da Colômbia, há quatro grupos de ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) concentrados no Amazonas, já flagrados usando lanchas para traficar drogas pelo Rio Negro. Eles estão na mira das autoridades colombianas, brasileiras e norte-americanas por suspeita de dominar uma rota pelo rio para negociar com PCC e CV.
Com informações do Ipea
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