10,3 milhões de pessoas moram em casas com insegurança alimentar grave, segundo IBGE

A insegurança alimentar grave esteve presente no lar de 10,3 milhões de pessoas entre 2017 e 2018. Dos 68,9 milhões de domicílios do país, 36,7% estavam com algum nível de insegurança alimentar, atingindo, ao todo, 84,9 milhões de pessoas. É o que retrata a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil, divulgada, nesta quinta-feira, pelo IBGE.

Na comparação com 2013, a prevalência de insegurança quanto ao acesso aos alimentos aumentou 62,4% nos lares do Brasil. A insegurança vinha diminuindo ao longo dos anos, desde 2004, quando aparecia em 34,9% dos lares, 30,2% na PNAD 2009 e 22,6% na PNAD 2013. Mas em 2017-2018, houve uma piora, subindo para 36,7%, o equivalente a 25,3 milhões de domicílios.

A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar classifica os domicílios de acordo com seu nível de segurança quanto ao acesso aos alimentos em quantidade e qualidade. Em 2017-2018, eram 43,6 milhões de domicílios brasileiros que tinham segurança alimentar.

Em relação à insegurança alimentar, os domicílios podem ser classificados em três níveis: leve, moderado e grave. Um domicílio é classificado com insegurança leve quando aparece preocupação com acesso aos alimentos no futuro e a qualidade da alimentação já está comprometida. Nesse contexto, os moradores já assumem estratégias para manter uma quantidade mínima de alimentos disponíveis. No segundo nível, de insegurança moderada, os moradores já têm uma quantidade restrita de alimentos. A insegurança grave aparece quando os moradores passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à fome.

A pesquisa aponta que pelo menos metade das crianças menores de cinco anos viviam em lares com algum grau de insegurança alimentar. São 6,5 milhões de crianças vivendo sob essas condições. Em 2017-2018, 5,1% das crianças com menos de 5 anos e 7,3% das pessoas com idade entre 5 e 17 anos viviam em domicílios com insegurança alimentar grave. Há a indicação, portanto, de maior vulnerabilidade à restrição alimentar nas casas em que há crianças ou adolescentes.

O nível de maior restrição no acesso a esses alimentos também aparece com mais frequência nos domicílios localizados na área rural do Brasil. A proporção de insegurança alimentar grave foi de 7,1% nessas localidades, três pontos percentuais acima do observado na área urbana (4,1%).

A insegurança alimentar aparece de forma desigual entre as regiões. O Norte e o Nordeste ficaram abaixo da média nacional: menos da metade de seus domicílios tinham segurança alimentar. Essa desigualdade já havia aparecido nas pesquisas de 2004, 2009 e 2013.

Da redação da Rádio Rio Mar

Foto: Agência Brasília