A FMT (Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado) deu início nessa terça feira (01) ao recrutamento de voluntários em Manaus para os primeiros testes da vacina de prevenção ao vírus HIV, causador da AIDS. A instituição é uma das oito selecionadas em todo o Brasil para recrutar pacientes. O chamado “Estudo Mosaico” é coordenado pela farmacêutica americana Janssen e está na fase 3, a etapa final de testes. Ao todo, 30 pesquisadores da FMT estão dedicados ao estudo na capital.
Em todo o mundo, 3.800 pessoas vão ser recrutadas, 100 delas em Manaus. Após cerca de um mês do cadastramento, os participantes já devem receber a primeira dose da vacina ou placebo. A escolha de quem vai tomar a dose verdadeira é a aleatória.
Já são 40 anos da presença do HIV no mundo, considerada uma epidemia global. A vacina só não foi eficaz até agora porque o vírus passa por várias mutações, o que dificulta a produção de anticorpos. Segundo o médico infectologista e pesquisador da Fundação de Medicina Tropical Dr Marcus Lacerda, o Estudo Mosaico reúne pequenos fragmentos dos subtipos de vírus que predominam no mundo, incluem no chamado adenovírus e aplicam no paciente. Dessa forma, a pessoa deve desenvolver anticorpos para o HVI. “E ao ser injetado em uma pessoa, vai induzir uma reposta inflamatória, que vai gerar anticorpos contra potencialmente todos os fragmentos que foram injetados. Então isso garante que a pessoa tenha uma imunidade contra todos os vírus que circulam no planeta hoje”, afirma.
Mesmo assim, quem tomar a vacina não deve abandonar os métodos de prevenção à contaminação pelo vírus porque o estudo ainda não terminou e existem outras doenças sexualmente transmissíveis.
Para ser voluntário, é preciso fazer parte do grupo mais vulnerável à infecção. A instituição convida preferencialmente homens gays ou transexuais que não tenham HIV ou outra doença. Isso porque, entre homens gays, a prevalência de HIV é de 15%. Ou seja, a cada 100 indivíduos, 15 estão infectados com o vírus.
“É claro que há outros grupos de pessoas que também se infectam, essa doença não é exclusiva de homens gays. Mas ainda é, especialmente no Brasil, a população que mais tem se infectado novamente, como lá no início da pandemia, há 40 anos. Isso faz com que, para um estudo de vacina, para eu reduzir o número de participantes, eu coloque justamente esses grupos que têm maior risco, maior vulnerabilidade de infecção”, explica o médico infectologista.
Todos os voluntários serão acompanhados por uma equipe de profissionais. Ao todo, os testes devem durar 3 anos até ser feito o registro da vacina na Anvisa e chegar à fase 4, que é a etapa de comercialização. Quem faz parte do público alvo e tem interesse em participar do estudo, deve fazer um pré cadastro no site ipccb.org/precadastro
Ouça a reportagem completa sobre a vacina:
Ana Maria Reis – Rádio Rio Mar