Editorial: Voltar a caminhar unidos

Editorial Por Luis Miguel Modino*

As crises são superadas quando a gente se une, quando descobre caminhos comuns que nos ajudam a olhar o futuro com esperança, superando as dificuldades e o desânimo, procurando caminhos de reconciliação.

Diante de uma situação que ninguém sabe por quanto tempo vai se prolongar, a união tem que ser assumida como atitude primeira e fundamental. O Papa Francisco, em sua mensagem ao povo brasileiro, a través dos bispos reunidos na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, após dizer que o Brasil “enfrenta uma das provações mais difíceis da sua história”, afirmava que “podemos superar este momento trágico”.

Para isso, ele fazia um apelo a “ser um instrumento de reconciliação, ser um instrumento de unidade” como “a missão da Igreja no Brasil”. O convite do Papa Francisco deveria ir além da Igreja católica e de todos aqueles que fazemos parte dela. Podemos dizer que é um convite a toda a sociedade brasileira, cada vez mais dividida e enfrentada. A pandemia conseguiu dividir ainda mais um país enfrentado, conseguindo assim vencer a batalha. Se a gente quer vencer a guerra, temos que buscar caminhos de união, de escuta mutua, de estratégias comuns.

Na mensagem final da Assembleia os bispos do Brasil diziam que “são inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”. Também reclamavam “atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível”, assim como auxílio emergencial.

São medidas que podem nos ajudar a entrar em caminhos comuns, sustentados em atitudes de respeito. Só quando a gente se respeita e aceita que pensar diferente não pode nos levar ao confronto e sim ao diálogo, podemos avançar na superação de qualquer crise que devamos enfrentar. A união nos faz mais fortes, a divisão nos debilita e facilita nossa derrota.

É tempo de olhar o futuro com esperança, de nos esperançar com a possibilidade de dias melhores e esperançar aqueles que estão ao nosso lado, promovendo atitudes que nos unam e nos fortaleçam. O inimigo da gente não são os outros, o inimigo da gente é um vírus que tem que ser vencido, e isso só é possível com união, uma união que se fortalece a cada dia, uma união que está além de religião, de posturas políticas, de classe social.

Só se tomarmos consciência de que somos humanos e de que nossa condição humana será o que vai nos salvar, conseguiremos olhar o futuro com esperança, e a vida em plenitude se tornará uma realidade para todos e todas. Nunca esqueça que juntos somos mais!

Ouça:

*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB