Por Luis Miguel Modino*
A cada cinco anos, na verdade demora mais, os bispos de todas as arquidioceses, dioceses e prelazias do mundo são chamados a visitar o Papa, um momento que é conhecido como visita ad limina.
Nesta semana, de 20 a 24 de junho de 2022, os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste, que compreendem os estados de Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre, estão participando desse momento. No encontro com o Papa Francisco e com os diferentes dicastérios que fazem parte da Cúria Romana, os bispos vão dialogando em vista de fazer realidade uma Igreja sinodal, uma Igreja de comunhão, participação e missão, que tem na escuta e no diálogo elementos fundamentais para sua caminhada.
Os bispos tem experimentado mais uma vez o carinho que o Papa Francisco tem pela Amazônia, pelos seus povos e territórios, pelas suas igrejas particulares. A Amazônia habita no coração de um Papa que gostaria de estar nessa periferia, nesse lugar que ilumina permanentemente o caminhar da Igreja universal.
Os bispos levam a Roma a vida e a caminhada de suas igrejas, mas voltam carregando o Espírito que os impulsiona a ser uma Igreja em saída missionária, que se faz presença profética no meio aos vulneráveis, que escuta o clamor da terra e dos povos, sobretudo dos mais pobres, daqueles que a sociedade descarta, pois não sabe ou não quer reconhecer neles a grande riqueza que encerram.
Um Papa que acolhe os povos indígenas, recebendo com alegria o cocar que eles lhe enviaram. Os povos originários da Amazônia reconhecem no Papa Francisco um dos seus grandes defensores, um companheiro de caminho, que os escuta e valoriza suas culturas, modos de vida e cosmovisões, “um Papa parente”, que se senta na roda com os povos e os faz ver que está com eles, ao seu lado.
Mesmo na cadeira de rodas, mesmo diante do desejo que alguns têm de sua renúncia, Francisco continua firme, sendo fonte de inspiração para uma Igreja que na Amazônia vive e partilha sua fé desde a interculturalidade, querendo ser enriquecida e alimentada pelos povos que a habitam. Ele convida à Igreja da região a ser ouvido atento e voz profética que denuncia, que tem lado, o lado dos pequenos e pobres, o lado dos povos originários, dos quilombolas, dos ribeirinhos, do povo das periferias geográficas e existenciais.
Os bispos, guiados pela alegria do Evangelho, querem ser, em comunhão com o sucessor de Pedro, presença amorosa do Deus da Vida na Amazônia. Ao lado do Papa Francisco, de suas palavras, mas sobretudo de seus gestos e olhares, a Igreja da Amazônia se coloca como presença de Deus. Impulsionada pela força do Espírito e animada pela comunhão com o Santo Padre, vai continuar caminhando, navegando, acompanhando a vida do povo, sendo presença cotidiana.
Tem encontros que transformam a vida da gente. A visita ao Papa, com certeza tem transformado e animado a vida dos bispos dos Regionais Noroeste e Norte1, mas sobretudo a vida de uma Igreja que com seus pastores se sente profundamente unida àquele que sempre pede o que muita gente faz na Amazônia: rezar por ele.
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*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB