O combate à violência sexual contra crianças e adolescentes no interior do Amazonas tem ganhado força diante de um cenário alarmante.
Autoridades intensificam o combate à violência infantil no interior do Amazonas. (Foto: Depositphotos)
Dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) apontam que, de janeiro a junho de 2025, o estado registrou 6.965 casos de violência contra esse público — o equivalente a 52% do total de 2024, que fechou o ano com 13.327 ocorrências. Municípios como Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Tefé estão entre os cinco com maior incidência desses crimes.
Autoridades intensificam o combate à violência infantil no interior do Amazonas. (Foto: Reprodução/Beatriz Sampaio PC-AM)
A gravidade da situação tem mobilizado ações conjuntas entre o poder público e organizações da sociedade civil. O delegado Paulo Mavignier, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), destaca que a resposta da Polícia Civil tem sido firme e contínua.
“Nós elegemos como prioridade zero o combate à pedofilia e ao abuso sexual no interior. Isso já é feito com qualidade em Manaus e, hoje, com o efetivo que temos nas cidades do interior, estamos conseguindo dar vazão à demanda. Os policiais são treinados e direcionados para combater esses crimes. Já estamos prendendo bastante. Depois que começamos a divulgar o trabalho da Polícia Civil no combate à pedofilia, as denúncias aumentaram. A população passou a confiar, começou a trazer os casos à tona, e a Polícia Civil está dando resposta, está prendendo.”
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Segundo ele, o investimento na capacitação dos policiais e a divulgação das prisões têm sido fundamentais para encorajar vítimas e familiares a denunciarem os abusos.
“Todos os casos em que prendemos alguém no interior estão sendo amplamente divulgados para que a população tome conhecimento e passe a acreditar que haverá resposta. A criança dá sinais. Às vezes, é um bebê abusado — ele não fala, não pode relatar — mas o corpo apresenta sinais: alteração de comportamento, distúrbios no sono, irritação, especialmente na região genital. Os pais precisam estar atentos, buscar apoio e procurar a polícia”, finalizou o delegado.
Violência contra crianças e adolescentes aumenta no interior do Amazonas e mobiliza autoridades e sociedade civil. (Foto: Divulgação/Iacas)
Além do trabalho policial, o suporte psicossocial tem sido levado às comunidades mais remotas. O Instituto de Assistência à Criança e ao Adolescente Santo Antônio (IACAS) atua na prevenção e no acolhimento das vítimas. A coordenadora-geral do instituto, Amanda Ferreira, reforça a importância da presença no interior.
“É um momento de mobilizar e sensibilizar as pessoas para olharem com cuidado para as crianças, para pensarem nelas como sujeitos de direito. Mas, acima de tudo, é preciso garantir atendimento humanizado. Ir até as comunidades no interior do Amazonas é mobilizar a rede de proteção para ter um olhar diferenciado e colocar a criança realmente como prioridade absoluta”, disse Amanda.
Diante da escalada nos casos, a mensagem é clara: a denúncia é o primeiro passo para romper o ciclo da violência. Quem presenciar ou suspeitar de abuso deve procurar a delegacia local ou ligar, de forma anônima, para o Disque 181. Proteger a infância é dever de todos.
Yuri Bezerra, Rádio Rio Mar