O comandante de embarcação Orivaldo Santana faz o trajeto de Manaus (AM) à Santarém (PA), passando por Itacoatiara, Parintins e Juruti uma vez por semana. Leva passageiros e cargas, incluindo veículos. Ele relata que, com a descida dos rios, a navegação tem ficado mais difícil e perigosa.
“Mudou muito o rio, cada um que passa as praias vão mudando e vai dificultando a navegação, mas a gente consegue navegar, não pode parar né. Fica mais crítica, atrasa”, conta.
A atenção precisa ser redobrada porque se a embarcação colidir com um banco de areia o prejuízo é grande. O movimento tem começado a melhorar com o cenário da pandemia, mas o Sr. Orivaldo diz que ainda não pode repassar o custo da logística ao cliente, já afetado com o valor do diesel, que nunca esteve tão alto. Ele tenta equilibrar os gastos e a concorrência.
“O custo de vida está tudo caro, nosso petróleo. A gente gasta 14 mil litros de diesel, pagava antes R$ 30 mil e agora paga R$ 60 mil. Nossas passagens custavam R$ 200, mas tem os barcos que viajam junto, a concorrência aí a passagem baixa para R$ 130”
A presidente do Sindarma, Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas, Jéssica Sabbá, explica que as balsas devem reduzir a quantidade de carga transportada até o fim de outubro por causa da profundidade e estreitamento dos rios. Neste momento, o cenário é mais preocupante na calha do Rio Madeira.
“Fora isso a gente tem os bancos de areia, que são muitos. O rio fica muito mais estreito, aparecem os pedrais que são comuns. Fora isso tem os restos de garimpeiros, que é uma realidade. Então a navegação fica mais difícil”, diz.
Segundo o Sindicato, mesmo com carga menor, o custo do frete para grãos, fertilizantes, combustíveis, entre outros produtos básicos de Manaus ao interior e outros Estados ainda se mantém. Com isso, o prejuízo chega a 40%.
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O comércio no Amazonas já está se preparando para possível aumento nos custos dos produtos e desabastecimento. O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas, Azuri Benzion, explica que já há uma taxa extra para custear a carga e o navio, mas que o setor está de olho na gravidade da estiagem de 2021 e a redução de contêineres chegando na capital.
“Acreditamos que, dependendo de como vai ser a seca, é possível que venha a afetar a quantidade de mercadorias e contêineres que vai entrar no Estado e até ninguém sabe sobre uma redistribuição de navios pelos países. Ninguém sabe como vai ficar, mas com certeza as empresas estão se reunindo com as empresas de navegação para que não haja desabastecimento na nossa cidade nem no nosso Estado”, conta.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar