Vazante do Solimões causa risco de desabastecimento e inflação em Benjamin Constant

Os preços estão subindo além do esperado em Benjamin Constant, região de fronteira no Alto Solimões, por causa do período de vazante dos rios.

Um garrafão de 20 litros de água mineral, por exemplo, chegou a registrar 50% de aumento. Antes custava R$ 10 e agora varia entre R$ 13 e R$ 15. O quilo do frango congelado saltou de R$ 7,50 para R$ 11 ou R$ 12, mas também varia de acordo com o dia.

O prefeito da cidade David Bermeguy diz que a inflação é reflexo das dificuldades logísticas impostas pelo baixo nível dos rios.

“As canoas e barcos que fariam o trajeto de Tabatinga para Benjamin com produtos, nunca antes o Rio chegou nesse nível e agora não tem mais acesso. Temos que dar uma volta, gastando 1h30 até 2h de circulação para poder chegar em Benjamin Constant. E isso encareceu os produtos”, diz o chefe do executivo.

A Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais confirma que a situação na região é crítica. No Rio Solimões, em Tabatinga, a cota observada está no limite inferior da faixa de maior permanência e as cidades do alto Solimões já sofrem as consequências da seca deste ano. A seca é considerada severa nos municípios da parte alta da bacia do Solimões, e afluentes da margem direita como Javari, Juruá e Purus.

Além da inflação já atingir produtos básicos, o prefeito de Benjamin Constant admite possibilidade de desabastecimento. O município vai decretar situação de emergência nesta semana e, dependendo das condições nos próximos dias, deve entrar em calamidade pública na semana que vem.

“Estamos atravessando uma grande dificuldade, os rios baixaram muito. Estamos com dificuldade de abastecimento e correndo risco de sofrer desabastecimento na cidade”, conta.

No Rio Negro, em Manaus, o último boletim da CPRM considera a cota elevada para o período. Isso por causa da grande cheia deste ano e chuvas além do esperado, assim como em São Gabriel da Cachoeira e Barcelos.

Em 2010, ano da vazante histórica do Rio Negro, a cota chegou a 20 metros na primeira semana de setembro. O auge de seca foi no fim de outubro.

A última medição deste mês marca 26,32 m, mais de 6 metros a mais, mas já abaixo da cota de 27 metros considerada dentro da normalidade. A vazante média está em 11 centímetros por dia na capital amazonense.

Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar