Mesmo com a grande repercussão do caso e com a mobilização para mudar as estratégias de segurança na região, a Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, vive sob medo um ano após os assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridos em junho de 2022. Apesar das investidas dos órgãos competentes, para articular uma força-tarefa e retomar a área explorada por invasores, quem atua no local, ainda não viu as mudanças ocorrerem, como explica o procurador jurídico da Unijava, Eliesio Marubo.
‘’Prestes a completar um ano da morte de Dom de Bruno, o Vale do Javari continua à mercê do Crime Organizado. Embora nós temos realizado o planejamento com o novo governo, indicado possibilidade de atuação de cada atividade, infelizmente nós não tivemos qualquer resposta nesse sentido, apenas algumas atividades e ações paliativas, e que não vão trazer aquilo que nós buscamos que é a proteção do nosso território, que a proteção da nossa gente. Nós não temos por parte do sistema brasileiro, a indicação de que as investigações prosseguem, no sentido de desmantelar esse crime organizado que atua na região’’, destacou Eliesio Marubo.
Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”; Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos santos”; e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, foram presos suspeitos de cometerem os assassinatos. Além dos três acusados, no fim de janeiro, a Polícia Federal (PF) apontou Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, como o mandante dos homicídios. Colômbia está preso desde dezembro do ano passado, e também é investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas.
O Ministério dos Povos Indígenas publicou, na última sexta-feira (2), uma resolução que cria um grupo de trabalho de proteção territorial e de segurança da Terra Indígena Vale do Javari. O documento, assinado pela ministra Sônia Guajajara, surge um ano após os assassinatos de Bruno e Dom. Segundo o documento, compete ao grupo propor medidas concretas para ações de entidades estatais e da sociedade civil organizada, voltadas para a segurança territorial e da população indígena local, além da repressão a crimes de natureza diversa, cometidos no interior da terra indígena. O grupo terá duração de 180 dias, podendo ser prorrogado.
- Começa audiência para júri popular de assassinos de Dom e Bruno
- Desmatamento não aumenta no 1º trimestre no Amazonas; queimadas diminuem
O procurador jurídico da Univaja, Eliesio Marubo, fala sobre a aprovação do Projeto de Lei 490, que trata do marco temporal sobre demarcação de terras indígenas. Agora o texto deve ser submetido a votação do senado.
‘’Nós também passamos por um tempo de grandes perdas, justamente no campo político com a aprovação do PL 490, isso reflete de fato o intuito e como tem sido tratado essa pauta no mundo político. Infelizmente, não temos tido êxito que esperávamos, nós queremos fazer um apelo as pessoas e as autoridades para que nós possamos construir uma pauta positiva para o Vale do Javari, no sentido de coibir o aumento da criminalidade,’’
Yuri Bezerra, Rádio Rio Mar
Foto: Arte/Agência Brasil