Unidade, Paz e Missão, os pedidos de Leão XIV na Missa de Início de Pontificado

Leão XIV, o Papa eleito na tarde de quinta-feira, 8 de maio de 2025, como sucessor de Pedro, iniciou seu pontificado. Ele o fez presidindo a Missa de Início de Pontificado, com a participação de boa parte do Colégio de Cardeais, um sinal de comunhão por parte daqueles que o elegeram como sucessor de Pedro e de Francisco. O rito concreto ocorreu entre o Evangelho e a homilia, quando o cardeal Zenari colocou sobre ele o Pálio e o cardeal Tagle colocou no dedo do Papa o Anel do Pescador. Junto com isso, o cardeal Ambongo, entre a entrega do palio e do anel, rezou para que Deus lhe concedesse a benção e reforçar o dom do Espírito.

Um construtor de pontes

Um Papa que, em virtude de estar imbuído de diversas culturas, supõe-se que tenha maior capacidade de construir pontes, uma necessidade em um mundo cada vez mais polarizado, dividido e conflituoso. Uma hora antes do início da missa, o Papa deixou o Palácio do Santo Ofício, onde está morando, para entrar pela primeira vez em um deslumbrante papamóvel branco.

Foi seu primeiro banho com a multidão, na Praça de São Pedro e na Via della Conziliazione, que aos poucos foi se enchendo de peregrinos de todo o mundo. Entre eles estavam os participantes do Jubileu das Confrarias, que neste sábado foram os protagonistas de um momento histórico com a procissão que aconteceu ao redor do Coliseu e do Circo Máximo.

Guardar o patrimônio da fé e olhar para longe

Na homilia, o Papa iniciou lembrando o início das Confissões de Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Vós, [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós”. Igualmente, ele lembrou de Papa Francisco, fazendo um relato dos acontecimentos vividos nas últimas semanas, definindo o Conclave como momento para eleger “o novo sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, um pastor capaz de guardar o rico património da fé cristã e, ao mesmo tempo, de olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje”.

Leão XIV disse ter sido “escolhido sem qualquer mérito”, se oferecendo como “um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”. Segundo ele, “amor e unidade: estas são as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro”. Diante disso, ele questionou: “Como pode Pedro levar adiante essa tarefa?”, respondendo que foi porque “ele experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação”.

Não se colocar acima dos outros

A chave é conhecer e experimentar o amor de Deus, “que nunca falha”. Ele refletiu sobre a tentação de no primado de Pedro “ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas”, dado que “todos nós, com efeito, somos ‘pedras vivas’ (1 Pe 2, 5), chamados pelo nosso Batismo a construir o edifício de Deus na comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na convivência das diversidades”. O Papa sublinhou uma Igreja fundamentada no Batismo, citando de novo Santo Agostinho: “A Igreja é constituída por todos aqueles que mantêm a concórdia com os irmãos e que amam o próximo”.

Leão XIV mostrou um desejo: “uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”. Uma atitude necessária, dado que “no nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres. E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade”.

Um mundo de paz

Junto com isso, o Papa fez um chamado à unidade “para construirmos um mundo novo onde reine a paz”. Segundo ele, “este é o espírito missionário que nos deve animar, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo”.

Finalmente, ele disse que “esta é a hora do amor! A caridade de Deus, que faz de nós irmãos, é o coração do Evangelho”, fazendo, com Leão XIII, mais um chamado à paz. Nessa perspectiva, o Papa pediu que “com a luz e a força do Espírito Santo, construamos uma Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade. Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros”.

Por Pe. Luis Miguel Modino – Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 e correspondente em Roma

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