Três pessoas foram presas durante a Operação Holograma, deflagrada pela Polícia Civil do Amazonas, suspeitas de integrar uma organização criminosa que aplicava golpes milionários por meio da clonagem de biometria facial com uso de Inteligência Artificial (IA). A quadrilha financiava veículos zero quilômetro em nome de vítimas, sem o conhecimento delas, e revendia os automóveis em outros estados. Este é o primeiro caso registrado no Amazonas com uso de IA para clonagem de identidade facial, o que a polícia chama de “plástica digital”.

Trio é preso por aplicar golpes com uso de Inteligência Artificial em clonagem de biometria facial. Foto: Divulgação PC-AM.
As investigações, conduzidas pelo 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), duraram cerca de dois meses e começaram após denúncias de consumidores que foram surpreendidos com financiamentos feitos em seus nomes.
“As vítimas relataram que não tinham conhecimento sobre os financiamentos. A partir disso, nossa equipe passou a coletar informações junto às instituições financeiras. Verificamos que as imagens usadas nos processos de aprovação de crédito foram geradas com o uso de Inteligência Artificial, clonando a biometria facial das vítimas. Em 99% dos vídeos analisados, ficou comprovado o uso da chamada ‘plástica digital’”, explicou o delegado Cícero Túlio, titular do 1º DIP.
A quadrilha utilizava dados e fotos obtidos em bancos públicos e redes sociais. Com essas imagens, os criminosos criavam vídeos simulando chamadas de verificação facial para aprovação de crédito em concessionárias que permitiam o processo de forma remota. Após a aquisição dos veículos, os automóveis eram enviados para fora do estado, com destino a Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG), onde eram revendidos.
“Um casal de Ribeirão Preto e uma mulher de Uberlândia foram identificados como principais articuladores. A suspeita de Minas Gerais, inclusive, já havia sido alvo de uma operação em 2016 por tentativa de homicídio. Durante a operação, conseguimos recuperar três veículos zero quilômetro, além de computadores e documentos que serão periciados. Esses materiais vão ajudar a identificar outros envolvidos no esquema”, completou o delegado.
Os presos foram encaminhados para audiências de custódia em suas respectivas comarcas e permanecerão à disposição da Justiça. Eles responderão pelos crimes de estelionato, associação criminosa, falsificação de documentos e falsidade ideológica.
Yuri Bezerra, Rádio Rio Mar